Conversa Literária: Tiago Ferro e Juliano Garcia Pessanha

O encontro propõe uma conversa sobre as obras lançadas recentemente "O Pai da Menina Morta" e "Recusa do Não-lugar" com os próprios autores. Um diálogo que ressalta os pontos de encontro entre esses dois belos livros da literatura contemporânea.

Sobre a obra "O Pai da Menina Morta":
Fragmentário, composto por seções que formam uma espécie de estrutura caleidoscópica do luto, O pai da menina morta é uma ficção sobre os reflexos da morte de uma menina de 8 anos na vida do pai. Gestado a partir de uma tragédia experimentada pelo autor em 2016, o livro não se restringe ao inventário doloroso dessa perda indizível, mas amplia o campo da escrita do luto a partir do manejo consciente e irônico de temas como autoimagem, sexualidade, humor, confissão, memória e fabulação. A morte da menina, aqui, é como a refundação do mundo para o protagonista. A partir do enterro ele sempre será visto como "o pai da menina morta".

Sobre o autor: Tiago Ferro nasceu em São Paulo em 1976. Escritor e editor, é um dos fundadores da e-galáxia e da revista Peixe-Elétrico. Escreve ensaios sobre cultura para Piauí, Cult e Suplemento Pernambuco. O pai da menina morta é seu primeiro romance.

Sobre a obra "Recusa do Não-Lugar":

Misto de ficção e não ficção, este livro de Juliano Garcia Pessanha é um testemunho radical e urgente, um exemplo transformador, nas palavras do crítico Roberto Taddei, "que propõe e inaugura um novo caminho para a literatura que, a partir do diálogo com a psicanálise e a filosofia, se expande sem ser delas tributária".
Se em seus livros anteriores o autor-personagem se isolava numa espécie de romantismo da negatividade, aqui o personagem realiza um salto: a ideia do sujeito que nasceu “para fora”, estranhado com o mundo – e, por isso mesmo, privilegiado para falar sobre ele –, perde sua aura em nome do acolhimento, da possibilidade de adentrar e de ressoar com o mundo.
Esta virada tem por base a apropriação da conhecida teoria psicanalítica sobre a relação mãe–bebê de Winnicott e da filosofia das esferas de Sloterdijk, em contraposição com negatividade e o vazio característicos do pensamento de Heidegger ou de Nietzsche, que marcaram a prosa do poeta-filósofo até então. Recusa do não-lugar é um relato comovente (e nada autocomplacente) sobre o abandono, a reclusão e as sucessivas tentativas frustradas de entrar no mundo, combinado com sofisticados conceitos filosóficos e psicanalíticos.

Sobre o autor:Juliano Garcia Pessanha: Após abandonar o curso de Direito da Universidade de São Paulo (USP), graduou-se em Filosofia pela mesma universidade. É mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e doutor em Filosofia também pela USP. Autor de Sabedoria do nunca(1999), Ignorância do sempre (2000), Certeza do agora (2002) e Instabilidade perpétua (2009), publicados pela Ateliê Editorial. Recebeu o prêmio Nascente da USP, em abril de 1997, nas categorias poesia e ficção, e o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), na categoria literatura, em 2015, por Testemunho transiente, reunião de sua tetralogia, publicada pela Cosac Naify no mesmo ano. Sua obra é marcada por um hibridismo de gêneros, entre eles, ensaio, conto, aforismo, heterobiografia e heterotanatografia. Tece estreito diálogo com a literatura, a filosofia e a psicanálise, em busca de dizer as coisas em registros múltiplos de enunciação. É professor e dirige grupos de estudo de filosofia.

Quando: 05/05, às 15h

Local: auditório- 1º andar