Saúde celebra o Dia Nacional da Visibilidade de Transexuais e Travestis

UBSs contam com equipes multidisciplinares que avaliam e acolhem a população LGBTIA+ da cidade; o atendimento leva em consideração as necessidades e desejos das pessoas

A construção da Política Nacional de Saúde Integral LGBTQIAP+, instituída em 1º de dezembro de 2011 pelo Ministério da Saúde (MS), visa não só o acesso irrestrito destes grupos à saúde, mas a equidade social. Por isso, neste 29 de janeiro, data em que se comemora o Dia Nacional da Visibilidade de Transexuais e Travestis, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) destaca o atendimento feito nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) para essa população.

O Sistema Único de Saúde (SUS) age de forma reparativa em relação a este grupo, por meio de ações afirmativas e serviços que atendem suas especificidades. Na capital, a SMS oferece desde recursos de prevenção como géis lubrificantes, preservativos e outros métodos contraceptivos, até procedimentos como hormonização, mamoplastia masculinizadora, histerectomia (remoção do útero), além do fomento à educação em saúde.

Equipes multidisciplinares nas UBSs

O atendimento realizado nas 470 UBSs, que são as portas de entrada para o serviço de saúde na capital, tem como foco oferecer mais qualidade de vida à população transexual e travesti. Este acolhimento inicial é feito por meio de médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, recepcionistas e seguranças.

Além disso, esta população também recebe assistência complementar e multidisciplinar de outros profissionais como assistentes sociais, fonoaudiólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos e psicólogos.

Acolhimento especializado

O médico da família e comunidade Renan Genro Disconzi, que atua na UBS Jardim Elisa Maria I, na zona norte, conta como os profissionais da unidade se prepararam para acolher pessoas transexuais e travestis que buscam pelo serviço espontaneamente ou são encaminhadas após avaliações das equipes multidisciplinares.

“Com o entendimento de que precisávamos estar mais habilitados para atender a população LGBTIA+, incluindo as pessoas trans e travestis, a Área Técnica de Saúde Integral da População LGBTIA+ investiu em capacitações para as nossas equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF)” lembra Disconzi.

Para isso, a Coordenadoria Regional de Saúde Norte (CRS Norte) instituiu fóruns mensais com os profissionais de saúde da região para discutir melhorias no acolhimento, otimização dos serviços, além da abrangência para o atendimento multidisciplinar, como por exemplo a oferta de fonoaudiologia para pessoas transexuais e travestis que desejam tratamento vocálico.

Atendimentos humanizados

Vale destacar que todo o esforço do SUS da capital tem como objetivo ampliar o acesso à saúde e garantir dignidade à população LGBTIA+. Segundo dossiê desenvolvido pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra) e pelo Instituto Brasileiro Trans de Educação (IBTE), a expectativa média de vida de pessoas transexuais no Brasil é de apenas 35 anos.

As políticas públicas desenvolvidas para acolhimento do público transexual e travesti são vistas como transformadoras também pelos próprios profissionais de saúde da rede municipal. “Houve uma qualificação ainda maior na maneira como eu atendo pessoas trans e travestis. Acessar de maneira integral as demandas dessa população me deixou mais sensível e fez com que eu ouvisse mais do que falasse durante uma consulta, por exemplo”, destaca Disconzi.

O Dia Nacional da Visibilidade de Transexuais e Travestis é, acima de tudo, uma oportunidade para a sociedade olhar estas pessoas como seres humanos que são. A SMS celebra essa data com a certeza de que o processo de inserção do público LGBTIA+ passa pela esteira da saúde e, por isso, mantém o compromisso de absorver essa demanda integralmente.

“A população LGBTIA+ faz parte da sociedade que vivemos e nós, enquanto profissionais da saúde e comunidade, precisamos estar disponíveis para atendê-los respeitando nome social, necessidades e desejos de vida”, finaliza o médico da UBS Jardim Elisa Maria I.