Uma década de trabalho social: Thaís de Azevedo e o CRD

Colaboradora desde a abertura do serviço traz história de luta por visibilidade

 

Thaís de Azevedo com vestido preto, sorrindo, em frente à porta de entrada do serviço

Texto e fotos: Thiago Crivelaro

 

Desde o início da história do Centro de Referência e Defesa da Diversidade (CRD) em 2008, Thaís de Azevedo, 69 anos, atua de forma incisiva na melhoria das condições de vida para mulheres transexuais. Ao acompanhar o dia a dia do serviço socioassistencial, Thaís conheceu narrativas de superação, construção de autonomia e aprendizado.

Nascida em Várzea da Palma (MG), a trajetória de Thaís é composta de lutas, medos e conquistas. Ao construir sua própria visibilidade social superando obstáculos, ela pode hoje contribuir para um atendimento humanizado às conviventes que chegam ao CRD em busca de ajuda. 

No início de sua trajetória profissional, Thaís trabalhou em uma confecção de moda, foi também vendedora, mas é como auxiliar de enfermagem voluntária na Casa de Apoio Brenda Lee, em São Paulo, que a vontade de cuidar de pessoas em situação de vulnerabilidade social toma forma e marca sua trajetória de vida.

Thaís teve a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos no exterior nos anos 1990. O aprendizado teórico e prático na assistência social aconteceu em Hamburgo, na Alemanha, onde teve contato com outras formas de abordagem ao paciente, mais humanizadas e com uma rede de atendimento integrada. “Eu observo o atendimento social como uma profissional e sei que é preciso ter senso crítico para melhorar como pessoa e trabalhar melhor o material humano com o qual eu lido todos os dias”, comenta.

Thaís cresceu com muitos livros a sua volta em uma família numerosa, o que a ajudou a dar os primeiros passos rumo à conscientização de seu lugar no mundo. Essa capacidade de refletir sobre a vulnerabilidade da condição social das mulheres trans a ajudou a enxergar as conviventes do CRD como pessoas que precisam de afeto em primeiro lugar, acima das questões burocráticas de um serviço público.

A oportunidade de ter uma mulher trans recebendo as conviventes na linha de frente do CRD é um diferencial levantado por ela: “Ter uma pessoa como eu aqui na frente é muito importante porque posso alimentá-los com minha história, com uma conversa, com um riso, porque o amor alimenta”, conclui.

 

Thaís de Souza sentada em cadeira em frente ao balcão de atendimento do serviço, sorrindo para a foto

 

Placa do serviço vista de baixo, onde se lê Centro de Referência e Defesa da Diversidade, Prefeitura de São Paulo, Assistência de Desenvolvimento Social