Núcleo Boracea realiza ação em conjunto com CATe

Empregabilidade é alvo de reconquista da autonomia para conviventes

 

Convivente sentado à mesa diante de atendente do CATe para atendimento com outras mesas ao fundo onde atendimentos acontecem simultaneamente

Texto e Fotos: Guilherme Fernandes 

 

A quinta-feira, 07/02, foi um dia de muita expectativa para os conviventes do Núcleo de Atendimento Boracea. Em parceria com o Centro de Apoio ao Trabalhador e Empreendedor (CATe) foi realizada uma ação de atendimentos para direcionamento de empregos e também confecção de carteiras de trabalho.

Na ação foram atendidas 120 pessoas divididas em dois turnos, manhã e tarde. Dentre elas, 45 foram encaminhadas para possíveis vagas de trabalho com base em suas experiências anteriores e 23 carteiras de trabalho foram confeccionadas.

O clima foi de bastante ansiedade e esperança entre todos os que esperavam na fila, até mesmo entre aqueles que estavam ali apenas para pedir informações. Isso porque a possibilidade de conseguir um emprego alimenta o sonho de uma vida independente e o começo de um novo capítulo na vida dos conviventes.

De acordo com a coordenadora do núcleo há oito anos, Claudia Meneses, a recepção foi muito positiva. Há, segundo ela, muitos casos de superação dentro do Núcleo e ações como essa aumentam a autoestima dos conviventes. “Como estamos nos aproximando do período do Carnaval, muitas vagas são temporárias para trabalhar nessa época, então às vezes não há vagas fixas, mas a partir dos empregos temporários e da adaptação do convivente, ele pode vir a conseguir um trabalho fixo futuramente”, explica.

Voltar ao mercado de trabalho pode abrir portas para outras experiências e dar aos conviventes novas perspectivas de vida, como é o caso de Lucas Pedroso Vieira, 28 anos. Lucas era dependente químico e após tratamento, conseguiu dar início a uma trajetória de vida autônoma. Ele comenta que antes do vício era estudante de Gestão de Recursos Humanos, e após torna-se dependente, abandonou os estudos e perdeu contato com a família. “Eu quero fazer cursos e voltar a trabalhar, mesmo ganhando pouco, quero voltar a ter uma vida normal”, expressa. O convivente conseguiu encaminhamento para retirar documentos pessoais que permitam a conquista de um novo emprego. 

A coordenadora do Núcleo Boracea aponta entraves comuns na conquista da empregabilidade como falta de qualificação, ausência de documentos ou devido a pessoa estar em meio à tratamento médico que impeça o trabalho. Entretanto, Claudia Meneses ressalta que uma pessoa entra em situação de rua por diversos motivos, seja pelo vício, depressão, LGBTfobia, chegando até mesmo a casos de imigrantes que são assaltados ao chegar na cidade, e por não conhecerem ninguém, acabam ficando nas ruas. “Portanto, é necessário ter em mente que apesar de viverem em abrigos atualmente, uma parcela desses conviventes tem até mesmo curso superior e apesar de serem marginalizados pela sociedade, é fundamental respeitar suas histórias e acreditar no potencial de mudança de cada um”, comenta Cláudia.

A próxima ação em conjunto com o CATe está agendada para o dia 21/02, novamente dividida em dois turnos.

 

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