Atendido com deficiência intelectual apresenta evolução surpreendente e conquista posição no mercado de trabalho

Com foco na qualidade de vida, inclusão social e cidadania, convivente apresenta grande progresso e conquista autonomia

Convivente aparece sorrindo para a fotografia. Ao fundo, árvores.

Texto: Bianca Bezerra
Fotos: Wagner Órigenes

Pedro Eduardo Moura de Brito demonstrava, desde pequeno, atrasos em relação a seus amiguinhos da escola, como relata sua mãe adotiva, Tânia Moura de Brito. “A professora me chamou e disse para eu procurar ajuda, pois observou que o Pedro tinha dificuldades até mesmo em pequenas coisas”.

Dona Tânia conta que se sentia triste porque em nenhum momento conseguiu encaixar Pedro em um ambiente que soubesse lidar com sua diferença intelectual e que o fizesse evoluir. “Troquei de escola várias vezes e nada adiantou, ele repetia de série e continuava sem aprender” relata a mãe.

Com sete anos Pedro ainda não havia aprendido a realizar ações simples do cotidiano como se alimentar e se higienizar sozinho. “Eu não sabia dobrar roupas, arrumar minha cama, comer sem ajuda, tomar banho, não me lembrava do nome das coisas e das pessoas, tinha dificuldade em me concentrar” explica Pedro.

Quando estava com nove anos, o Núcleo de Inclusão à Pessoa com Deficiência (NAISPD) Associação Casa do Deficiente de Ermelino Matarazzo (ACDEM) foi indicado à sua mãe por outra mãe que levava seu filho também deficiente ao serviço. E foi aí que sua vida começou a mudar.

O caso da criança foi estudado e o serviço começou a trabalhar as dificuldades observadas. Ele passou pelas chamadas “salas de desenvolvimento” onde aprendeu a dobrar roupas, arrumar a cama, assinar seu nome completo, memorizar o número da identidade, etc. O convivente cresceu mostrando resultados positivos ao longo do tempo em que conviveu diariamente no NAISPD.

Adolescente, Pedro já demonstrava grande progresso em relação a sua condição anterior. Diante disso e da vontade manifestada de ter um emprego, Pedro foi encaminhado para a sala de socialização comunitária e inclusão digital, onde aprendeu noções básicas de informática, montou seu currículo, simulou entrevistas de emprego e estudou postura profissional e ambiente de trabalho.

Atualmente, Pedro tem 28 anos e trabalha como estoquista numa grande rede de supermercado atacadista há quatro anos. Neste tempo já recebeu prêmios pelo seu ótimo desempenho, elogios de clientes e de seu chefe, que segundo Pedro, sempre o apoiou: “Ele me diz que sempre me vê muito esforçado, querendo realmente aprender e gosta muito disso em mim” declara o funcionário. Pedro ainda é convivente do serviço e tem acompanhamento mensal realizado pelo NAISPD ACDEM.

Conquistado sua autonomia, fonte de renda e a admiração de muitas pessoas, Pedro se emociona “Eu me sinto muito grato a todos que me ajudaram a chegar aonde cheguei, pois sei que sem essas pessoas eu estaria da mesma forma”.

Sonhador obstinado, ele faz muitos planos: “Ano que vem vou aprender a ler porque ainda não sei, pretendo crescer na empresa, quero continuar tocando violão, bateria, indo na academia e pretendo visitar meu irmão em Amsterdam”.

Dona Tânia comemora a transformação do filho com felicidade: “Eu acordo e já sinto cheiro do café que o Pedro preparou sozinho, isso me alegra muito”.

O desenvolvimento do jovem permite que ele faça até mesmo mais atividades de lazer como ir ao cinema, restaurantes, praias. “Eu me sinto no controle da minha vida, isso é maravilhoso” acrescenta o convivente.

“O recado que eu dou para quem se sente desmotivado achando que não vai conseguir é para não desistir, tem que acreditar em si mesmo pra poder chegar onde quer” conclui Pedro.