Serviço da Zona Sul promove oficina de arte como ferramenta para lidar com traumas

Através de diferentes atividades, as crianças aprendem a gerenciar as emoções

Um menino, do lado direito da foto, e uma menina, do lado esquerdo, seguram cada um o seu desenho feito durante a oficina. Ambos os desenhos são de personagens de desenhos no estilo mangá.

Texto: Natália Nota Marques
Fotos: Acervo

O Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) Reconciliação, localizado na Capela do Socorro, realiza diariamente uma oficina artística com os atendidos. Por cerca de uma hora, as crianças e os adolescentes participam de rodas de conversa para expressar suas ideias e sugestões sobre a oficina, além de realizar as atividades propostas pelo oficineiro.

Segundo o gerente do CCA, Luiz Alves, o projeto “A arte de ressignificar histórias” mescla “criatividade, autogerenciamento das emoções e a decoração do serviço”. Ao longo da oficina, os atendidos aprendem técnicas de desenho, principalmente no estilo de mangás e histórias em quadrinhos, conversam em roda sobre suas sugestões e demandas, além de se distraírem de situações traumáticas.

Todos os atendidos pelo CCA participam da oficina, que é uma das favoritas entre as oferecidas pelo serviço, e recebem propostas de atividades adequadas às idades de cada um. Eles são divididos em dois grupos com cerca de 15 pessoas para evitar aglomerações no espaço da oficina, o que preserva a segurança das crianças e dos funcionários do local.

Segundo Alves, “a arte é uma ferramenta para curar a alma” e fornece um momento de abstração em relação às violências relacionais, melhorando a conexão entre as crianças. Ele também percebe diferenças significativas no comportamento dos atendidos, “eles estão mais calmos, concentrados, criativos e empáticos”.

A adesão à oficina é notável, e graças a ela a frequência dos conviventes está muito mais constante. No início da atividade, eles se mantinham concentrados por cerca de meia hora, mas com o tempo desenvolveram mais interesse e sua duração da oficina dobrou. O gerente conta que os atendidos “gostam tanto das atividades que continuam a fazer os desenhos propostos em casa, como foi o caso do dia dedicado aos autorretratos”.

Ele também ressalta que atualmente a oficina permite que todos tenham espaço de fala e que exercitem suas capacidades físicas e comportamentais, algo que é percebido na mudança de conduta das crianças. Alves afirma que “a arte tem um papel fundamental no desenvolvimento da esperança e tem sido efetiva no enfrentamento das violências causadas pelas vulnerabilidades cotidianas”.

Um atendido está apoiado sobre a mesa, no lado esquerdo da foto, enquanto pinta seu desenho com os lápis de cor que estão sobre a mesa.