No mês de homenagens à mulher, funcionária mais antiga conta sua trajetória inesquecível como veterana na SMADS

Reflexões sobre Serviço Social e sobre ser mulher na sociedade atual são destaque nesta entrevista concedida por Fátima Teixeira. “São atos de resistência”, diz ela.

Profissional veterana sentada em uma cadeira com as mãos na mesa, sorrindo. Ao fundo, uma janela na qual há uma vista da cidade de São Paulo

Fátima de Jesus Teixeira, funcionária da SMADS há 42 anos

Texto: Marianne Seixas
Foto: Beatriz Paixão

Com uma carreira sólida na alfabetização de crianças na década de 1970, Fátima de Jesus Teixeira conheceu o Serviço Social por meio de uma amiga e foi, então, inevitável: se apaixonou de cara pela profissão.

O trabalho realizado pela amiga Assistente Social despertou nela um sentimento novo e genuíno, que a impulsionou a mudar. Em 1979, Fátima já havia conseguido tornar-se uma estagiária de Serviço Social na Prefeitura e, em 1980, teve a chance de começar sua trajetória como funcionária pública nessa área.

Ao logo de todos esses anos, Fátima assistiu ao desenvolvimento da cidade e, com ele, viu crescer, quase lado a lado, também a necessidade quase imperativa de investir no leque de auxílios que somente a Assistência Social seria capaz de proporcionar aos cidadãos de modo individual.

Orgulho de participar

Hoje, mais de 42 anos dedicados à, atualmente, Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), trouxeram a Fátima um sentimento grande de realização e a vontade de continuar na área, mesmo estando aposentada desde 2014: “Tenho orgulho de ter participado, vivido e de ainda estar vivendo a construção da Assistência, vendo de perto e contribuindo com tudo o que acontece do melhor modo.”

Do alto de sua experiência profissional, Fátima conta ter visto a criação e a formação de políticas públicas fundamentais como a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas) e o Sistema Único de Assistência Social (Suas).

Com o firme propósito de ajudar a todos, e de olhar cada ser humano com um olhar especial e único, essa Assistente Social também trabalha na luta pela valorização e compreensão do que é a Assistência Social e o que a área tem a oferecer a cada indivíduo: desde todas as políticas públicas, até os benefícios, os direitos e, principalmente, o direito à proteção social. “É um trabalho tão enriquecido, que você acaba se envolvendo de corpo e alma sem perceber”, relata essa mulher alegre, forte e muito consciente de seu papel como profissional da área.

“É focar e ir”

“Ser mulher e Assistente Social é um ato de resistência”, explica Fátima. A frase, forte, definitiva, conta um pouco mais do significado e da profundidade da missão das assistentes sociais e, por que não, de todas as mulheres em sociedades contemporâneas, sim, mas machistas, ainda.

Fátima ainda é uma mulher que luta por seus direitos de forma permanente. Com 72 anos, segue lutando diariamente. E acredita que, mesmo com as coisas hoje sendo mais fáceis, com mais mulheres em cargos de lideranças, ainda há muito pelo que lutar e objetivos a serem alcançados.

Embora seja também participante e testemunha de um processo de crescimento que incluiu a criação, ampliação ou melhoria de dezenas de serviços especializados em mulheres na rede, essa veterana do Serviço Social paulistano tem essa consciência.

“A mulher exerce muitos papéis na nossa sociedade. É mãe, esposa, filha, amiga, profissional. É uma força, uma luta constante pelo melhor. É uma resistência. Então, é focar e ir”, ensina.