Envelhecimento ativo, o que é?

No dia 24 de outubro, o CDI Camp Pinheiros organizou uma palestra sobre o envelhecimento com a presença de idosos, familiares e profissionais da saúde; o encontro foi a porta de entrada para a exposição “EnvelheSer”

Na parede, destaca-se um cartaz com imagens dos acolhidos pela CDI, Para cada foto, há o nome do idoso, assim como sua chave que dá acesso aos armários.

Texto e fotos: Júlia Zuin

Dona Anésia gosta muito de pinturas. Em seus 94 anos, mesmo com dificuldade para enxergar, ela carrega consigo um livro de desenhos. No Centro Dia para Idosos Camp Pinheiros, zona oeste da cidade, Anésia mostra o material a todo mundo, muito confiante em suas habilidades que mantêm as cores dentro das linhas dos desenhos, sem borras.

Ela e outros tantos idosos buscam serem vistos como indivíduos, que a idade não impõe diminuição de espaço, de direitos e de conquistas.

Com o objetivo de compartilhar um olhar pedagógico sobre a temática, no último dia 24, idosos, familiares e colaboradores participaram da palestra “Envelhecer”, ministrada por Keila Kimie, gerontóloga. Na opinião dos participantes, o debate foi importante para que todos os envolvidos se colocassem no lugar do próximo. “O processo de amadurecimento do corpo e da mente afeta a todos, não apenas o idoso. Por isso, é importante que obstáculos sejam expostos em conversas como essa por todos, para que a empatia seja um caminho”, afirma a coordenadora do local, Rose Costa.

Foto de uma parte da exposição, que mostra uma das acolhidas em uma das viagens desenvolvidas pelo CDI na praia. À esquerda da foto, é possível observar uma planta, está desenvolvida em uma das oficinas de jardinagem pelos próprios idosos; Já, do lado direito, há uma das frases ditas por um dos indivíduos: "Respeitar as pessoas idosas é tratar o próprio futuro com respeito!”. Ao lado da colocação, permanece a imagem de outra acolhida em uma festa junina.

Sobre a importância do evento, a enfermeira (aguardo o nome) relata que uma das maiores dificuldades para a compreensão do que é envelhecer é o imediatismo. “As pessoas estão preocupadas com o agora, não pensam a longo prazo. O ditado popular ‘colhemos o que plantamos’ é uma realidade. Aqui, no CDI, diariamente, observamos a distinção de cenários dos atendidos. Aqueles que se alimentaram melhor, praticaram exercício e dormiram bem, estão em melhores condições comparados aos que não optaram ou não puderam ter uma vida mais saudável”, relata.

A exposição “EnvelheSer, que completa as ações sobre o tema, foi realizada no CDI entre os dias 24 e 28/10, apresentando fotos e frases impactantes dos 28 acolhidos no equipamento.

As frases são anônimas para respeitar a identidade dos entrevistados, e exibem colocações como “Às vezes tenho o sentimento de ser descartável”, “Os nossos filhos não precisam mais da gente como antes, mas sei que não devo me magoar com isso” e “Não somos crianças”. Em conclusão, de acordo com Olga Khadur, atendida do CDI, "viver é um presente”.

Em continuidade à exposição, há uma foto em destaque de uma pessoas de idade avançada, e, abaixo da ilustração, outra frase: "Respeitar as pessoas idosas é tratar o próprio futuro com respeito. Quarenta anos é velhice para a juventude e cinquenta anos é juventude para a velhice. Se o tempo envelhecer o seu corpo, mas não envelhecer a sua emoção, você sempre será feliz. Envelhecer é obrigatório”.

O envelhecimento ativo é uma prioridade municipal desde 2009 quando passou a vigorar a LEI Nº 14.905, que tem como objetivo contemplar a assistência integral ao idoso, considerando suas necessidades específicas, estimular um modo de viver mais saudável em todas as etapas da vida, principalmente a população na faixa etária idosa e favorecer a prática de atividades que contribuam com a melhoria da qualidade de vida.

E como prevê no artigo 9° do Estatuto do Idoso, é obrigação do Estado garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade.