Atividade em NCI mostra que o luto pode ser vivenciado de maneiras diferentes

O NCI Dom Helder, localizado na Vila Mariana promove discussão sobre a morte e suas pendências entre os acolhidos

Grupo de idosos reunido em roda de conversa.

Texto: Júlia Zuin
Fotos: Acervo

O Dia dos Finados, celebrado recentemente, é uma data de muita recordação ao redor do mundo e, neste dia, pessoas de diferentes nacionalidades e culturas praticam reflexões sobre a morte, além de cultuar os que já a abraçaram. O ato de homenagear os mortos é comum entre os seres a tempos em muitas sociedades - desta forma, devido à diferença cultural, o tributo aos finados é praticado de acordo com o cenário em que a pessoa se insere.


Pensar no passado, é, também, refletir sobre o presente. Com o propósito de conscientização sobre a vida, o Núcleo de Convivência do Idoso (NCI) Dom Helder, na última quinta-feira, 03, promoveu uma roda de conversa sobre a temática do luto, com o objetivo de articular entre os acolhidos e funcionários o que a data significa a eles e como tais se veem nela.
Os funcionários da organização relatam que dentre os mais de 120 idosos frequentadores do local, há grande diversidade em relação às suas descendências. Além de brasileiros, o NCI auxilia sucessores de japoneses, espanhóis, dentre outros. Por isso, de acordo com os profissionais do espaço, a discussão não é apenas sobre o luto, mas sobre as divergentes e importantes maneiras de passar por ele e vê-lo.

Mulheres em um momento de lanche comunitário após a conversa no NCI

Segundo Tatiane Rodrigues, psicóloga, a maioria dos atendidos trata a morte de maneira natural. Poucos sentem receio dela, mas o medo se intensifica em momentos de luto. Por isso, o acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais auxilia o entendimento dos idosos quando ocorre o óbito. Durante a roda de conversa, conduzida pelas profissionais Cristina Aparecida e Tatiane, uma das participantes relatou que durante seu processo de luto, o NCI foi importante para seu acolhimento.


O núcleo reafirma a importância de discussões que envolvem o luto, já que este, muitas vezes, é visto apenas pelo episódio ruim. Entretanto, a diversidade cultural mostra que a transição da vida para a morte pode ser colorida e bonita, além de ser um processo natural, como o envelhecer; A relação dos indivíduos com o fim da vida é um tabu - mas não precisa ser - já que o episódio é puramente humano.

Durante a tarde, a iniciativa foi complementada pelo compartilhamento de diferentes propostas sobre o tema. Os indivíduos refletiram sobre as origens das tradições, o respeito às diversidades, e às diferentes formas de compreender e vivenciar a perda.


Os participantes da roda de conversa, sejam funcionários ou conviventes, não partiram do serviço social na Vila Mariana do mesmo modo que nele entraram, já que suas ideias sobre o luto foram desenvolvidas e ampliadas.

Os atendidos do núcleo tiveram a oportunidade de relembrarem momentos de luto e aprenderem mais sobre o dia de finados.