Dia da Visibilidade Trans e Travesti: luta pela causa com apoio da Assistência Social

Acolhidos e funcionários de serviços da rede socioassistencial falam da relação entre a visibilidade trans. e travesti, com os Centros de Acolhida voltados a homens e mulheres transexuais

12 Pessoas sentadas lado a lado posam para foto. Ao fundo, há uma lona cor de rosa na parede, e a esquerda, há uma lona azul. Simbolizando as cores da bandeira Trans. e travesti.

 Acolhidas do CAE Casa Florescer l durante atividade

 

Texto: Victor Benevides
Fotos: Acervo

Desde o ano de 2004, o dia 29 de janeiro é celebrado como “Dia da Visibilidade Trans. e Travesti” em todo o Brasil. A data foi instituída em razão do protesto ocorrido nesse dia em Brasília, intitulado "Travesti e Respeito", realizado por travestis, homens e mulheres transexuais.

No Brasil, há diversas histórias de vida de homens e mulheres trans. que enfrentam as dificuldades no dia a dia por um mundo mais justo e igual. Na cidade de São Paulo, a rede socioassistencial da Prefeitura dispõe de serviços voltados a este público.

Eduardo Alberto, 30, estudante de história e acolhido há um ano no Centro de Acolhida Especial (CAE) para Homens Trans ‘João W. Nery’, ressalta a importância que o serviço tem para os acolhidos no local e como ajudou em seu crescimento profissional, acadêmico e pessoal. “Há meninos que precisam deste lugar para conseguir viver. Todo mundo precisa conhecer o CAE. Além de estar cursando história, eu também sou barbeiro. Agora vou me especializar”, disse o atendido.

Homem usando jaqueta jeans e boné olha para camera. O homem está usando óculos e possui barba no queijo.

Eduardo Alberto, 30, estudante de História e atendido do CAE João W. Nery

 

Para Agatha Lima, 23, a visibilidade de pessoas transexuais não deveria ser lembrada apenas no dia 29 de janeiro, mas também o ano todo. Estudante de Administração de Empresas e acolhida há cinco meses no CAE ‘Casa Florescer I’, Agatha diz que o serviço contribuiu para que ela pudesse sonhar novamente, além de considerar como uma família as outras mulheres trans. acolhidas e os funcionários do local.

“Ainda bem que esse dia existe, mas deveríamos ter visibilidade o ano todo. Está sendo um divisor de águas estar acolhida na Casa Florescer, porque aqui eu tenho a possibilidade de sonhar e viver. Com certeza, faço parte de uma família.”, relatou Agatha.

Profissionais dos serviços de acolhimento voltado às pessoas transexuais

Os profissionais da rede socioassistencial da SMADS, também dão a devida notoriedade à visibilidade trans. Psicóloga há quatro meses no CAE ‘Casa Florescer ll’, serviço de acolhimento às mulheres transexuais, Jaqueline Menezes, 30, destaca o orgulho que sente em acompanhar o crescimento e autonomia das pessoas acolhidas no serviço, ressaltando a importância da visibilidade a este público.

 

Com a câmera direcionada de baixo para cima, há uma mulher com seus cabelos longos e pretos enquanto olha para o horizonte. Ela está vestindo uma camisa preta de mangas longas.

Agatha Lima, 23, estudante de Administração de Empresas e atendida do CAE Casa Florescer l

 

"Este dia representa o reconhecimento das minhas acolhidas, e através disso, há impacto em suas vidas. Elas são encaminhadas para instituições educativas, e principalmente para o mercado de trabalho. Uma atendida me marcou muito no processo de desenvolvimento, hoje ela estuda, trabalha e custeia sua própria moradia", disse Jaqueline.

Para o Orientador Técnico do CAE ‘Casarão Brasil’, equipamento que acolhe mulheres preferencialmente transexuais, Mizael Lopes, 27, além da visibilidade e apoio na vida das acolhidas do serviço, os profissionais da assistência social possuem papel crucial na vida dessas pessoas.

"O nosso dever enquanto rede socioassistencial é resgatar, tirar essa pessoa do risco.", contou Mizael.

Rede socioassistencial

A rede socioassistencial da Prefeitura dispõe de dois CAEs – ‘Casa Florescer I’, no Bom Retiro, região central, e ‘Casa Florescer II’, em Santana, na zona norte – para mulheres transexuais, que totalizam 60 vagas de acolhimento, sendo 30 vagas em cada unidade.

Além disso, a rede conta com mais dois serviços, com 30 vagas de acolhimento cada um, voltado ao público trans: O CAE para mulheres preferencialmente transexuais ‘Casarão Brasil’, localizado em Campo Grande, zona sul da cidade, e o CAE para Homens Transexuais ‘João Nery’, localizado em Santana, na zona norte.

Os serviços têm como objetivo atender as demandas da população trans e estimular o processo de autonomia, assim como a reconstrução de vínculos familiares e comunitários. O equipamento visa também garantir o acesso desta comunidade aos serviços prestados pela rede socioassistencial, além de orientar sobre outros benefícios e políticas públicas.