Unidos da Melhor Idade agitam a semana de carnaval na zona sul

Mais de 400 pessoas prestigiaram o desfile intergeracional no Ipiranga

 

Na foto, os idosos da bateria estão reunidos em fileiras. Eles usam roupas e chapéis brancos, colares coloridos de flores, e alguns deles usam capa de chuvas. Cada fileira segura um tipo de instrumento musical.

 

Texto: Giulia Rodrigues

Fotos: Acervo

Há 29 anos, o bloco de carnaval ‘Unidos da Melhor Idade’ reúne mais de 80 idosos para celebrarem a maior e mais popular festa brasileira, o Carnaval. Com apoio do Centro de Referência do Idoso (CRECI) ‘Anhangabaú’, no centro de São Paulo - que atende mais de 550 idosos, e da Associação das Bandas Blocos e Cordões Carnavalescos (ABBC) -, o grupo se encontra semanas antes do carnaval para ensaiar suas apresentações. No último dia 11, a bateria movimentou as ruas da zona sul de São Paulo no desfile ‘Pholia no Ipiranga’, em que mais de 400 pessoas estiveram presentes para prestigiar o evento.

O bloco iniciou suas atividades na Avenida Brigadeiro Faria Lima, na região de Pinheiros, zona sul de São Paulo. Os primeiros desfiles eram organizados pela antiga Associação Brasileira dos Clubes da Melhor Idade (ABCMI), e os ensaios aconteciam poucos dias antes do evento ao som de músicas no alto-falante ou instrumentos tocados por voluntários. Graças à ABCMI, o ‘Unidos da Melhor Idade ‘ teve acesso ao Parque da Água Branca e lá iniciou a organização dos ensaios.

Na foto, uma senhora segura uma bandeira branca com o nome do Centro de Referência do Idoso (CRECI) e da Coordemação Regional das Obras de Promoção Humana (CROPH). Ela usa um vestido de penas coloridas em verde, amarelo e rosa, e do seu lado esquerdo está um senhor de calça branca, camisa azul, colete preto e chapéu branco. No fundo, outros idosos usam colares de flores e apaludem a apresentação.

O bloco só teve acesso a instrumentos musicais em 2010 e, a partir disso, surgiu a Bateria do CRECI. Maria Apparecida Amaral, conhecida como Dona Cida, 93, é a participante mais antiga do Unidos da Melhor Idade. Ela conta que, antes dos instrumentos, a equipe sempre tinha que ir atrás de outras pessoas que pudessem emprestar discos para tocar nos desfiles. "Nessa época, nós não tínhamos bateria, então sempre pedíamos a ajuda de alguém. Depois que conseguimos acesso às baterias e tamborins, o mestre-sala Zuza, que está conosco desde o início, nos ensinou como tocar. Nem sabíamos o nome dos instrumentos. Ele nos ensinava batendo nas mesas para que pegássemos o ritmo e fizéssemos os movimentos corretos dos braços", relatou.

Para os idosos, o bloco é significado de resiliência e força. Aquela clássica frase que diz que em “certa idade não é mais permitido fazer atividades”, para os atendidos do CRECI não existe. Dona Cida ainda expressa sua gratidão ao que o Bloco tem proporcionado em todos esses anos. "Se colocarmos na cabeça que não vamos conseguir, nada dá certo. A música me ajuda muito, e tenho certeza que a bateria também ajuda muitas outras pessoas que, talvez, até estivessem passando por problemas de saúde e conseguiram vencer as dificuldades. É muito importante na minha vida participar desse meio", finalizou.

Na foto, dona Cida está sorrindo e olhando para a senhora que está a sua esquerda. As duas vestem branco, enquanto dona Cida segura um instrumento amarelo chamado 'surdo de terceira'.

Maria Apparecida, 93, durante ensaio da bateria no CRECI