Texto: Larissa Rodrigues e Anderson Paiva
Imagens: Ana Paula, Arthur Silvestre e Victor Marques
Na última terça-feira (26), a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) promoveu a palestra "Setembro Amarelo: viver é a melhor saída” na Sala Tula Pilar Ferreira, da Biblioteca Mário de Andrade, na região central da cidade.
A palestra foi ministrada pelo médico psiquiatra e professor colaborador do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, Daniel Barros, que abordou questões relacionadas à saúde mental. O público presente era de pessoas acolhidas nos serviços da rede socioassistencial e servidores da Prefeitura que atuam juntamente às pessoas em situação de rua diariamente.
“A gente precisa pensar que a pessoa não sai de uma vida boa, tranquila, de um estado emocional bom, otimista, esperançoso, para pensar em morrer. Existe uma escada que a pessoa vai subindo para chegar na tentativa de fazer alguma coisa”, compartilhou o psiquiatra Daniel Barros durante seu discurso.
“De a pessoa estar bem até a pessoa chegar a outra ponta e fazer algo contra a própria vida, muitos passos foram dados. É importante a gente pensar nesses passos, para quem lida com as pessoas que estão no sofrimento e para gente mesmo perceber se a gente está em algum passo, algum ponto, dessa escalada de aproximação de um sofrimento insuportável”, complementou.
Após a palestra, o com o secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Jr., mediou um diálogo a respeito do tema com o doutor Daniel Barros e o padre Júlio Lancellotti.
“Meu papel hoje é de ser um facilitador e aprender com vocês. É de sentar junto com vocês, ouvir e escutar, e eu queria agradecer a fala do doutor Daniel, sobre um tema tão sensível e importante de ser falado nos dias de hoje. A dificuldade de se falar nesse tema, que já começa com a dificuldade na divulgação dos números [de suicídios]. Não dá para a gente divulgar porque a simples divulgação das estatísticas já traz impacto sobre o próprio tema. Divulgar isso pode ter impacto em gatilhos que podem vir a aumentar os suicídios do país. E a gente traz esse desafio, fazendo um debate totalmente distinto sobre o tema”, compartilhou o secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Jr.
A participação de Júlio Lancellotti foi embasada em falas que destacam a importância da discussão desse tema para as pessoas em situação de rua, além da importância de serviços voltados para a saúde mental para esse público.
No encerramento do evento, o coral Arrasta Lata, formado por crianças e adolescentes do Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) - Arrastão, localizado no Campo Limpo, zona sul da capital, fez uma apresentação bem animada para os presentes e cantaram músicas como “Palco”, de Gilberto Gil, e ”Ouvir Dizer”, da banda Melim, além de performances com instrumentos de percussão.