Texto e imagens: Anderson Paiva
Próximo de completar seu primeiro ano, o “Ampara SP” realizou, na última quarta-feira (3), a primeira edição da “Exposição de Artes do Ampara SP”, mostra que reuniu trabalhos feitos por meio da parceria entre os arte-educadores do projeto com as pessoas em situação de rua durante as abordagens feitas ao longo do ano inicial do programa.
A coordenadora do Ampara SP, Ingrid Cristina Rodrigues, destacou como esse tipo de atividade facilita a criação de laços e o suporte a esse público. “A gente percebe a diferença quando os arte-educadores estão ali. Temos um foco muito grande no desenvolvimento de vínculos com essa população para conseguir ajudá-los de fato, e, por meio da arte, eles se sentem confortáveis de compartilhar coisas que de outra forma eles não compartilhariam”.
A exibição ocorreu no Centro de Acolhida (CA) “São Leopoldo” e trouxe ao público desenhos, pinturas, fotografias e vídeos que registraram o processo de criação dessas obras e de outras atividades realizadas pela equipe do programa. O evento contou ainda com uma roda de samba protagonizada pelos atendidos do Centro de Acolhida, que mostraram seu talento musical e muito samba no pé.
Para o arte-educador e artista plástico Ladis, que atua há mais de doze anos como artista e trabalhou em outros serviços da rede socioassistencial, como o Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (SAICA), a oportunidade de colaborar junto a pessoas em situação de rua traz resultados recompensadores. “Não é fácil, mas para mim é gratificante, porque você sente que está trazendo um diferencial para essas pessoas com essa proposta de arte e educação. A gente percebe que traz uma nostalgia para eles, algo bacana, que quando nos encontram eles já vêm com aquela felicidade, já perguntam se vai ter arte, uma atividade diferente”, relatou.
Ampara SP
O projeto Ampara SP, vinculado à Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), possui uma diversidade de metodologias e ações de especialistas empenhados em sensibilizar as pessoas sobre as questões acerca da situação de rua, da oferta de atendimento na rede socioassistencial, bem como do acolhimento e qualificação profissional. O diálogo estabelecido pelo projeto é fundamentado em práticas recreativas, artísticas, culturais, além de intensivos diálogos para a consolidação de uma comunicação acolhedora, humanizada e assertiva.
O Ampara SP dispõe de uma equipe de profissionais capazes de proporcionar atendimentos interdisciplinares voltados ao desenvolvimento integral e conta com agentes sociais, arte-educadores, terapeutas ocupacionais, educadores físicos e sociólogos.
As equipes percorrem pontos com maior concentração de pessoas em situação de rua na capital, mapeados previamente pelas equipes técnicas da Secretaria. Com duração de 24 horas, o trabalho ininterrupto das equipes é realizado nos sete dias da semana, e, na composição dos quadros de trabalho, 12% dos profissionais têm trajetória de rua e 21% são LGBTQIA+.
Quando desejam, os abordados são encaminhados para vagas em serviços da rede socioassistencial, respeitando a individualidade de cada cidadão e/ou grupo familiar abordado na escolha da tipologia de equipamento para o qual são encaminhados. Nestes serviços, as pessoas recebem, além da hospedagem, café da manhã, almoço, lanche e jantar. As vagas são fixas e não apenas para pernoite.
Ao longo de 2023, o Ampara SP fez 24.455 atendimentos, que resultaram em 7.029 encaminhamentos para os serviços de acolhimento.