Prefeitura anuncia a recuperação da Vila Itororó e criação de pólo cultural

O conjunto da Vila Itororó, de 37 casas, será transformado em um pólo cultural.

 O prefeito de São Paulo assinou nesta segunda-feira (23/01), um decreto de utilidade pública que prevê a implantação e a operação das obras e serviços de recuperação da Vila Itororó, localizada na Bela Vista, região Central da cidade de São Paulo.

O conjunto, de 37 casas, será transformado em um pólo cultural. “É uma área que vai abrigar todas as coisas que pessoalmente gosto, dentre elas, um espaço para atividade de educação, cultura, turismo e lazer. Enfim, vamos fazer um centro cultural aberto para nossa população”, disse o prefeito.

Para celebrar a retomada do projeto, foi montada hoje uma exposição com painéis e fotos sobre a Vila no saguão da Prefeitura, no Edifício Matarazzo. “A retomada desse projeto é uma coisa boa. Realmente é um projeto importante para São Paulo. A intervenção de uma área degradada, que de certa forma propõe um modelo de como tratar áreas como essa. Inclusive a forma como foi feito, o projeto merece destaque não só do ponto de vista da arquitetura, mas sua ampla visão histórica. Afinal, o Benedito Lima de Toledo é um grande conhecedor da história de São Paulo. É definitivamente um projeto-modelo”, diz Vallandro Keating, arquiteto e responsável pelos desenhos em perspectiva do projeto.

A Vila Itororó foi a primeira vila urbana de São Paulo. Idealizada, por volta de 1922, pelo português Francisco de Castro, a Vila, de 4, 5 mil metros quadrados, é considerada um dos lugares mais extravagantes da Bela Vista. A começar pela exótica estátua de ferro da deusa da prosperidade que enfeita a entrada da casa e os dois leões que “guardam” a entrada.

O nome Vila Itororó foi uma homenagem à nascente do riacho do Vale Itororó, que abastecia a primeira piscina particular da cidade de São Paulo. “A Vila Itororó, singular conjunto de 37 casas construídas originalmente na década de 20, a meia encosta do Vale do Itororó, constitui um exemplo que se destaca na paisagem urbana, por sua feição original, de ecletismo ou mesmo bizarria, do ponto de vista arquitetônico, um conjunto que reflete um aspecto incomum do imigrante enriquecido e, neste caso específico, imaginoso”, explica o presidente do CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), José Eduardo de Assis Lefèvre.

É considerada um pedacinho de Portugal dentro da cidade de São Paulo. A construção registra um tempo da imigração na primeira metade do século passado e, por ter características singulares no espaço paulistano, difere das construções do centro da capital.

“Eu creio que o dia de hoje realmente vai ser histórico. É um tipo de iniciativa que nós esperamos multiplicar na cidade”, completou o prefeito.

A intenção é fazer da área um pólo cultural com ênfase no uso cultural e educacional, proporcionando inclusive atividades ligadas a teatro, cinema e museu. “Idéia que estava nos planos do criador do conjunto”, diz Lefèvre.

Dentre as atividades que serão desenvolvidas na Vila, após a restauração, estão: espaço para atividades de cultura, educação, lazer e turismo; espaços de apoio para teatro de rua; residência temporária para artistas convidados; cinema ao ar livre; oficina de livros antigos; antiquários; espaços para escolas de formação na área; galerias de arte; espaço para oficinas de moda, cenografia, figurinos e iluminação além de centros de gastronomia.

“Em seis meses, temos que ter uma solução para todos os moradores, o novo projeto e a desapropriação já feita. Em seguida, começamos a definir as parcerias e contratar a restauração. Será uma obra de cerca de um ano e meio”, explicou o secretário municipal de Cultura.

“Toda a história e costumes das famílias do Bixiga e da Liberdade estarão presentes em toda a vida. Ela terá um sentido iminentemente cultural”, disse Décio Tozzi, um dos arquitetos idealizadores do processo de recuperação da Vila.