Descoberta nova fraude no Bilhete Único

Comissão Permanente Antifraude da SPTrans descobriu o problema; SMT pode descredenciar operadores que participaram da fraude.

A Comissão Permanente Antifraude da SPTrans descobriu um sistema de fraude envolvendo operadores do Bilhete Único. São 13 veículos do sistema de transporte coletivo que rodam na zona sul (bairros como Capão Redondo, Campo Limpo, Jardim Ângela, Jardim São Luís, Santo Amaro).

Os fraudadores agiam durante a madrugada, daí o golpe ser conhecido como "fraude coruja". De acordo com a investigação conduzida pela SPTrans nos últimos dois meses, eles reuniam-se em grupos em pontos como postos de gasolina ou terrenos baldios e, de posse de vários cartões sem crédito, os validavam nos veículos envolvidos no esquema.

Desse jeito, era como se vários passageiros estivessem pagando ao cobrador para carregar o cartão diante da catraca. "Essa fraude era muito difícil de ser detectada, porque tudo se passava como se fosse uma utilização normal do bilhete", disse o secretário municipal de Transportes.

A ação durava poucas horas, mas ocorria fora do horário de funcionamento das linhas. O fato possibilitou a identificação do golpe, pois o sistema de bilhetagem eletrônica permite saber também em qual horário os cartões passaram pelos validadores. Estima-se que a manobra dos golpistas gerava entre R$ 3 mil e R$ 4 mil por mês por carro.

Os 13 veículos cuja participação no esquema foi comprovada rodavam em quatro linhas: 6036 (Jardim Macedônia - Santo Amaro), 6038 (Jardim das Rosas - Santo Amaro), 6045 (Valo Velho - Santo Amaro) e 647V (Valo Velho - Pinheiros). Todos são do Consórcio Autho Pam, que possui 811 veículos naquela região e registrou 8,7 milhões de viagens em dezembro de 2005.

A investigação descobriu casos de integração de linhas que não se cruzam em nenhum ponto -- mais um indício que comprovou a fraude contra o sistema. Em um dos carros, foi registrado o número de 3.262 pagantes e 5.077 integrações durante o período de 15 dias, ou seja, quase 3 mil integrações a mais que a média da região.

Segundo o presidente da SPTrans, o caso foi registrado no 12º DP (Pari) como estelionato. Os 13 veículos serão retirados do sistema de transporte coletivo e a cooperativa terá de substituí-los. Os operadores devem ser descredenciados.

As investigações continuam e envolvem cerca de 100 veículos da zona sul que serão analisados caso a caso. Para o secretário de Transportes, a expulsão do sistema, garantida graças a uma série de portarias editadas no ano passado, é praticamente certa em caso de comprovação da artimanha. Outras regiões da cidade também estão sob análise, pois o trabalho da comissão é permanente.

"O que tem sido adotado foi mudança das normas, punição dos envolvidos - fato que ficou facilitado pelo novo Regulamento de Sanções e Multas --, pois ele cria um vínculo entre as condições operacionais e a execução do contrato, permitindo punição gradativa e progressiva até a exclusão da operação", resumiu o secretário.