Começou nesta segunda-feira (20/03), às 15h26 (horário de Brasília), em todo o hemisfério sul, o outono, estação caracterizada pela diminuição do volume de chuvas na maior parte do País, principalmente na região Sudeste. Mas já na na primeira tarde da nova estação, o CGE colocou toda a cidade em estado de atenção, exatamente por causa das pancadas de chuva que ocorreram devido ao aquecimento.

Desde cedo já se observava um aumento rápido nas temperaturas. Por volta das 14h, alguns bairros já haviam registrado 32ºC. Um pouco mais tarde, através da interpretação dos dados da estação meteorológica da Base Aérea de Santos, via-se a infiltração da brisa marítima (ventos úmidos que sopram do mar em direção ao continente), ultrapassando a Serra do Mar e encontrando o ar quente e seco sobre as cidades do ABC e, principalmente, a Capital paulista.

O calor e umidade geraram núcleos convectivos de forte intensidade, que se espalharam sobre as zonas Norte, Leste e Sul. A Marginal Tietê, Radial Leste-Oeste, Perdizes e vários pontos do Centro foram bastante castigados por chuvas fortes, acompanhadas de raios e trovões.

Segundo o CGE, a chuva, que começou por volta das 18h15, perdurou por aproximadamente duas horas e 45 minutos, variando de intensidade.

Números da chuva

O volume de chuvas registrado em março deste ano, até a meia noite do dia 20 de março, é de 197,3mm – até agora já é o maior volume de chuvas em março nos 4 últimos anos. Isso representa 23,3% mais do que a média climatológica para o mês (de 160mm) e 18% mais do que choveu em março de 2005 (167,3mm).

A Subprefeitura da Mooca registrou um acumulado de chuva de 95,7mm, o que representa 60% da média climatológica. Ou seja, mais da metade do esperado para o mês todo.

Outono

Por ser uma estação de transição entre o verão e o inverno - que promete estar dentro das normais climatológicas para cada região -, o outono guarda características dessas duas estações, como mudanças rápidas nas condições do tempo e maior freqüência de nevoeiros, principalmente nas regiões serranas.

“Pelo menos nesta semana, o outono chega com perfil de verão: muito calor e, nos finais de tarde, as já conhecidas pancadas de chuva”, avalia o técnico em meteorologia do Centro de Gerenciamento de Emergências da Prefeitura (CGE), Adilson Nazário.

Já na primeira quinzena de abril, segundo o técnico, podem ocorrer as primeiras ondas de frio. Nazário explica que para a Capital paulista e região metropolitana o outono representa a redução significativa das chuvas que antecedem o período seco, ou seja, o inverno, já que nas regiões Sul, Sudeste e boa parte da região Centro-Oeste do País as temperaturas começam a declinar em conseqüência da maior incidência das entradas de massas de ar frio.

La Niña

“É interessante salientar que ainda podem ocorrer ondas de calor, em decorrência da diminuição das chuvas, da temperatura e da umidade do ar, em conjunto com maiores períodos de insolação no início da estação”, diz Nazário.

Em anos de atuação do fenômeno La Niña - que é o resfriamento anômalo das águas do oceano Pacífico Equatorial, como está acontecendo este ano -, as massas de ar frio costumam ser desviadas para o oceano, não atingindo toda a região Sudeste. Com isso, apenas o leste paulista, que inclui o litoral, Grande São Paulo, Vale do Paraíba e Vale do Ribeira, pode ser afetado, em decorrência dos ventos úmidos e frios que sopram do mar.

Mesmo assim, os períodos de frio tendem a ser curtos, segundo Nazário, intercalados com ondas de calor. De acordo com os modelos climáticos, o La Niña, que está caracterizado como de fraca intensidade, deve permanecer atuante até, pelo menos, o segundo semestre, influenciando a nova estação.