Obelisco do Ibirapuera: Prefeitura e Estado unidos em prol do restauro

O monumento que homenageia heróis da Revolução Constitucionalista de 1932, é um projeto do escultor italiano Galileu Emendabile. Em mármore travertino, tem 72 metros de altura e foi inaugurado oficialmente em 9 de julho de 1955.

ATUALIZADA ÀS 17H25 - O prefeito de São Paulo assinou, na manhã desta quinta-feira (29/06), convênio entre a Prefeitura e o governo do Estado para a restauração do Monumento ao Soldado Constitucionalista de 32 - mais conhecido como Obelisco do Ibirapuera - que apresenta sérios problemas de infiltração.

O ato aconteceu no gabinete do governador Cláudio Lembo, no Palácio dos Bandeirantes, e contou com as participações do Comandante Geral da Polícia Militar, Elizeu Eclair Teixeira Borges, da filha e do neto do escultor autor do monumento, Fiammetta Emendabili Gama e Paulo Emendabili de Carvalhosa, e dos membros da Sociedade dos Veteranos de 32 - MMDC.

“Essa iniciativa do governo do Estado em parceria com a Prefeitura é a efetividade da preservação de uma parte tão importante da nossa memória paulistana. A cidade de São Paulo e a Prefeitura estão muito felizes e todos estamos confiantes de que o melhor foi feito”, disse o prefeito, após agradecer à Sociedade dos Veteranos de 32 pelos anos de dedicação ao monumento e ao governador Cláudio Lembo pela oportunidade de recuperação do patrimônio histórico.

O convênio deverá ser publicado nos Diários Oficiais da Cidade e do Estado nos próximos dias e define as atribuições relativas à gestão, administração, manutenção, preservação e guarda do Monumento Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 32 - o maior da capital paulista, inclusive da respectiva praça ao seu redor.

A Prefeitura fica responsável pelos serviços de projeto paisagístico, ajardinamento, limpeza e segurança na praça, inclusive na área pertencente ao Estado. Além de cuidar para que o patrimônio público seja recuperado e restaurado, o governo estadual passará a gerir, administrar, manter e conservar o Monumento, e a Polícia Militar ficará responsável pela guarda permanente e o policiamento ostensivo no local.

A Secretaria Estadual de Cultura deverá ajudar a realizar as festividades relativas à memória da Revolução Constitucionalista de 1932.

Segundo o governador Cláudio Lembo, o custo estimado para as obras de recuperação e restauração do Monumento é de aproximadamente R$ 5 milhões. “A idéia também é obter benefícios por meio da Lei Rouanet e ver se a iniciativa privada quer ajudar. Caso não queira, acho que o Estado tem que assumir isso, porque não podemos esquecer de nossos monumentos históricos”, disse Lembo. O governador acredita que as obras comecem nos próximos meses, após a elaboração de projeto específico.

Simbologia numérica

O Obelisco do Ibirapuera, monumento que homenageia heróis da Revolução Constitucionalista de 1932, é um projeto do escultor italiano Galileo Emendabili, que chegou ao Brasil em 1923 fugindo do regime fascista instituído em seu país. Em mármore travertino, o monumento tem 72 metros de altura e foi inaugurado oficialmente em 9 de julho de 1955, um ano após a inauguração do Parque do Ibirapuera.

Sua construção começou em 1947 e foi concluída apenas em 1970. Tombado pelos conselhos estadual e municipal de preservação do patrimônio histórico, o mausoléu que existe dentro do Obelisco guarda as cinzas dos quatro estudantes mortos durante um protesto contra o primeiro governo Vargas - Martins, Miragaia, Drausio e Camargo -, cujas iniciais formam a sigla MMDC, o grande símbolo da revolução. A cripta existente no Monumento também mantém as cinzas de outros 713 ex-combatentes.

A Revolução Constitucionalista de 1932, Revolução de 32 e Guerra Paulista foram os nomes dados ao movimento armado ocorrido no Brasil entre julho e outubro de 1932 visando a derrubada do governo provisório de Getúlio Vargas e à instituição de um regime constitucional após a supressão da Constituição de 1891 pela Revolução de 1930.

O anúncio da restauração do Obelisco e do Mausoléu foi motivo de grande contentamento para o advogado Paulo Emendabili Souza Barros de Carvalhosa, que, assim como seu avô, trabalha para preservar a memória da rebelião. “O Monumento ao Soldado Constitucionalista de 32 é um hino de pedra à liberdade e a democracia”, afirma.

Durante a cerimônia no gabinete do governador, Carvalhosa explicou a simbologia numérica contida no Obelisco, formado de painéis de mosaico veneziano com cenas bíblicas e passagens da história paulista. “O monumento é todo baseado nas relações numéricas que conduzirão sempre à data máxima da revolução”, explica o advogado.

Das sepulturas dos heróis, no subsolo do Monumento, até o topo são 81 metros, número cuja soma dos algarismos e a raiz quadrada resultam em 9. A altura do Obelisco é de 72 metros: novamente a soma é igual a 9. São nove os degraus na entrada e, internamente, existem três grupos de três arcos, formando 9 arcos, unidos “na tríplice perfeição”. O comprimento da base do Obelisco tem 9 metros, o do topo possui 7 metros, e a largura da cripta tem 32 metros, ou seja, a data da revolução: 09/07/1932.

A simbologia também está presente no desenho do gramado ao redor do Monumento, que possui área de 1.932 metros quadrados e forma um coração onde está enfincada a espada (símbolo do Obelisco) que sagrou a vitória política, apesar da derrota militar dos paulistas. Afinal, ao ver seu governo em risco, o presidente Getúlio Vargas dá início ao processo de reconstitucionalização do país, levando à promulgação em 1934 de uma nova Constituição.

Parcerias diversas

Na segunda-feira (26), o prefeito e o governador Cláudio Lembo assinaram um conjunto de 10 documentos relativos a parcerias da Prefeitura com o Governo do Estado em sete áreas de atuação. Outras 25 parcerias também já haviam sido estabelecidas entre as duas esferas de governo desde o início de 2005.