Espetáculos no Municipal terão preço de cinema, diz maestro

Desde o final de fevereiro, o Theatro Municipal de São Paulo tem o maestro Jamil Maluf como diretor artístico. Com 25 anos de casa, 15 deles como regente da Orquestra Experimental de Repertório (OER), ele está agora à frente da programação do Municipal, que começa no dia 10 de abril.

Por Sandra Nagano

Desde o final de fevereiro, o Theatro Municipal de São Paulo tem o maestro Jamil Maluf como diretor artístico. Com 25 anos de casa, 15 deles como regente da Orquestra Experimental de Repertório (OER), ele está agora à frente da programação do Municipal, que começa no dia 10 de abril. O maestro garante que a valorização dos Corpos Artísticos da casa e dos artistas brasileiros será sua marca. Confira os principais trechos da entrevista com o maestro.

Quando começou a sua relação com a música erudita?

Minha paixão pela música surgiu na infância, com a música popular. Na adolescência passei escutar música erudita. Eu morava em Piracicaba e vim para São Paulo nos anos 70. Fiquei dois anos e fui para a Alemanha, onde me formei maestro pela Escola Superior de Música. Quando terminei o curso recebi duas propostas para permanecer lá, mas sempre achei que o meu trabalho deveria ser feito aqui.

Tanto que você trabalha muito com músicos brasileiros...

 Acho que os brasileiros têm poucas oportunidades. Não tenho nada contra artistas estrangeiros, ao contrário, eu os respeito e acho importante sua vinda ao Brasil. Mas creio que os artistas brasileiros também devem se apresentar lá fora. Temos que nos orgulhar de nossos talentos e lhes dar todas as chances possíveis.

Então, esse será seu enfoque na direção artística do Municipal?

Sim, esse sempre foi o meu enfoque. A primeira ópera que dirigi no Municipal foi em 1983. Na época, ousei fazer uma ópera só com cantores brasileiros e fui muito ironizado pela imprensa. Ninguém acreditava no talento brasileiro. É por isso que o Municipal passará a ser a casa dos corpos estáveis por excelência. Meu lema será “A prata da casa é o ouro”.

Haverá intercâmbio com outros teatros?

Sim. A partir de agosto exibiremos ao menos duas permutas com teatros de fora. Nós mandamos nossas montagens e eles mandam as deles. Esse sistema é adotado no mundo todo, não sei porque não se fazia no Brasil. Hoje um teatro de ópera não sobrevive sem permuta: a ópera é um espetáculo muito caro. Se você não faz permutas, não consegue realizar uma temporada com variedade de títulos.

Como é administrar duas preocupações dentro da “casa”, como maestro e agora como diretor artístico?

Como diretor artístico tentarei resgatar a melhor tradição do Theatro, além de propor coisas novas. Quero aproximar o público com ingressos mais baratos e para isso espero fechar contratos de patrocínio. Na programação de abril a julho, a população já terá um preço de ingresso equivalente aos dos cinemas.

Então, há um movimento de incentivo à música erudita?

Sim. E também de formação de platéia.

O que o público pode esperar da temporada 2005 do Theatro Municipal?

 Quando sento para fazer uma programação, penso em duas palavras: qualidade e diversidade. É o que o público pode esperar.

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