Galeria Olido contrasta linguagens fotográficas em novas exposições

Em abril, a fotografia vai ocupar os dois andares que a Galeria Olido destina às artes visuais. O trabalho de dois fotógrafos - um deles que já correu mundo, e outro com larga experimentação em arte digital - marca o contraste de linguagens.

Em abril, a fotografia vai ocupar os dois andares que a Galeria Olido destina às artes visuais. O trabalho de dois fotógrafos - um deles que já correu mundo, e outro com larga experimentação em arte digital - marca o contraste de linguagens.

Na Sala Mário Pedrosa, a exposição de Anderson Schneider, Cicatrizes: o Iraque no pós-guerra, imagens feitas naquele país um ano após a invasão norte-americana. Na Sala de Exposições do 1º Piso, a mostra Fotografadas, Manipuladas, Atormentadas, com imagens abstratas e figurativas realizadas por Fabio Domingues e alteradas digitalmente.

Apesar de ambos terem se originado no fotojornalismo, seus trabalhos derivam em universos diversos no uso da linguagem fotográfica, contrapondo-se o foco documental de Schneider ao sensorial de Domingues.

Cicatrizes: o Iraque no pós-guerra

Entre janeiro e fevereiro de 2004, um ano após o início dos combates no Iraque, o fotógrafo brasileiro Anderson Schneider percorreu aquele país produzindo farto registro sobre as conseqüências sociais do pós-guerra - falta de infra-estrutura e de moradia, deficiências no sistema de saúde, desemprego e violência urbana. Dessa viagem resultou a exposição Cicatrizes: o Iraque do pós-guerra.

Schneider define-se essencialmente como fotojornalista: “Não nego a preocupação estética no meu trabalho, mas isso não me norteia. No meu caso, acho que ela tem que estar a serviço do conteúdo. Aceitei expor, porque na imprensa tudo se esgota muito rápido. Utilizar esse material numa exposição foi o jeito que encontrei para manter em pauta a questão do Iraque.”

O fotógrafo não se filia a uma corrente, mas identifica-se com nomes como Don McCullin, James Nachtwey, Sebastião Salgado, Eugene Richards, Larry Towell, além de fotógrafos de gerações mais novas como os dinamarqueses Erik Refner, Joachim Ladefodged, o inglês Marcus Bleasdale e o brasileiro Christian Cravo.

Fotografadas, Manipuladas, Atormentadas

A série do fotógrafo carioca Fábio Domingues é composta por 27 imagens manipuladas digitalmente sobre base fotográfica. Prolífica, provocativa e experimental, Fotografadas, Manipuladas, Atormentadas foge radicalmente ao tema anterior do artista, que apresentou na Mostra do Redescobrimento a série A idolatria dos corpos negros, incorporada ao acervo permanente do Museu Afro Brasil.

Fabio Domingues deixa de recorrer à linguagem tradicional da fotografia PB para dedicar-se à estética dos fractais. Salta da superfície analógica para a digital, atraindo o espectador para o espaço vertiginoso e dinâmico dessas imagens, dentro do que chamou de “beleza autodefensiva”. Trabalha plasticamente as imagens com tal aplicação que estas chegam, por vezes, a se perder de seu conteúdo original. A curadoria da mostra de Fabio Domingues é do artista visual Saulo Di Tarso.

Serviço

As exposições estarão abertas na Galeria Olido entre 7 de abril e 12 de junho de 2005, de terça a sábado das 12h às 21h30 e aos domingos das 12h às 19h30. Entrada franca. Informações para o público: 3334-0001 r. 1951. Galeria Olido - Avenida São João, 473 - Centro - São Paulo.

Clique aqui para ler outras notícias no portal da Prefeitura