Lanterninha e Ipiranga, de volta o espírito dos cineclubes

Na zona Sul, quinta e sábado, a ordem é ir ao cinema. Com sessões vespertinas e noturnas, a sétima arte ocupa os espaços de três bibliotecas levando cultura e entretenimento àquela região.

Tudo começa na quinta-feira, no auditório da Biblioteca Presidente Kennedy. Lá, semanalmente, cerca de 40 pessoas se reúnem para a sessão do “Cineclube Lanterninha” que oferece à platéia uma programação variada a cargo do professor universitário, Vinícius Del Fiol.

Vinícius, que teve seu projeto contemplado pelo Vai - Programa de Valorização de Iniciativas Culturais, da Secretaria Municipal de Cultura, apresenta mensalmente um ciclo, com sessões para o público adulto e jovem.O primeiro deles foi “Mulheres no Cinema”. Este mês está em cartaz “A Comédia Italiana”.

Para aguçar a atenção da platéia, antes do filme, Del Fiol levanta algumas questões. “Não quero que observem o filme com um olhar passivo. Por isso, alerto sobre as polêmicas abordadas no ciclo, como o papel da mulher nesse novo milênio, a rebeldia ou submissão feminina demonstrada nos filmes apresentados. Quero que eles desenvolvam um olhar mais crítico. Afinal, o cinema pode ser um instrumento de educação e dessa forma as pessoas podem chegar aqui para divertirem-se e saírem com uma reflexão”.

Em maio, o destaque é para o humor cáustico e social da “Comédia Italiana”, produzida entre os anos de 1960 e 70.

Aos sábados à tarde é a vez garotada. Na Biblioteca Benedito Bastos Barreto, com direito a pipoca e refrigerante, as crianças podem assistir a uma programação escolhida a dedo só para elas. Desde abril, as sessões vespertinas seguem conquistando o público oferecendo uma programação com temas como cinema nacional, aventura ou comédia.

Para Vinícius Del Fiol, “essa é uma importante forma de lazer gratuito. Uma atividade como o cinema dá possibilidade de escolha para as pessoas e torna mais acessível as produções que geralmente circulam apenas na região da Avenida Paulista , este tipo de programação incluí o bairro nesse circuito”.

Onde tudo começou...

“Há mais de 13 anos, a Biblioteca Ministro Genésio de Almeida Moura, foi a primeira da rede municipal a exibir filmes em 16 milímetros”, relembra Archimedes Lombardi, fundador do Cineclube Ipiranga e presidente da Associação Brasileira de Colecionadores de Filmes em 16 milímetros, parceira nas exibições.

Desde garoto, em Santo Anastácio, cidade do interior de São Paulo, Archimedes, ajudava o pároco local nas exibições de filmes. De auxiliar de exibição, passou, na juventude, a freqüentar o Foto Cine Clube Bandeirante, na Rua Avanhandava.

“Naquela época - anos 1960 e 70 -, os estudantes e alguns cinéfilos iam aqueles locais para assistirem a filmes de arte ou alternativos e em busca, não apenas de diversão. O resultado era um aprofundamento na discussão de questões existenciais abordadas por diversos cineastas como Ingmar Bergman ou Michelangelo Antonioni”.

Hoje Lombardi, 62 anos, apresenta para uma média de 50 pessoas filmes saudosistas e explica: “Fazemos a seleção de acordo com o interesse do público, pode ser uma produção do período de 1930 ou 40, uma obra rara, ou outros filmes não exibidos mais no cinema”.

Cerca de dez colecionadores revezam-se na exibição gratuita de sua coleção. São mais de mil cópias disponíveis, segundo Lombardi, exibí-las traz grande satisfação.

“O colecionador gosta de mostrar o que tem, sente-se feliz ao exibir seus filmes e aqui podemos utilizar esse espaço , torná-lo um local para as pessoas encontrarem-se, trocarem informações, discutirem os filmes, terem um pouco de alegria e entretenimento. É muito gratificante” .

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