Museu Afro Brasil, uma obra em constante acabamento

O Museu Afro, instalado no Parque Ibirapuera, consolida-se no cenário cultural da cidade e, com apenas seis meses de funcionamento, já recebe uma média de 11 mil visitantes por mês.

Burilar a obra talvez seja a parte mais difícil da criação do artista. É nessa fase que surgem os contornos, os detalhes que dão expressão ao trabalho e delineiam a idéia inicial. Assim é o Museu Afro Brasil, uma obra em acabamento.

Nesse processo de construção, a instituição se firma como um espaço expositivo mas também e principalmente como um local de pesquisa, de formação, de reconhecimento e resgate da arte e da cultura dos negros e de intercâmbio entre artistas afrodescendentes do Brasil, de Portugal, da África e das Américas.

É nessa perspectiva que o museu consolida-se no cenário cultural da cidade e, com apenas seis meses de funcionamento, já recebe uma média de 11 mil visitantes por mês. No segundo semestre, quando terminar a fase de implantação e várias atividades programadas entrarem em funcionamento, o museu tem a expectativa de receber 25 mil visitantes mensais, número semelhante ao das instituições mais bem-sucedidas de São Paulo, como o Museu Paulista e a Pinacoteca do Estado.

A recém-inaugurada Biblioteca Carolina Maria de Jesus, pelo ineditismo do seu acervo - em que a história do país é contada segundo a ótica e as tradições do negro, deve atrair um número considerável de pesquisadores e interessados no assunto. A biblioteca integra o centro de referência, um núcleo de pesquisa que futuramente abrigará também material iconográfico, audiovisual e um site.

Outros núcleos da casa, o interartes (uma porta de entrada para projetos e demandas da comunidade) e o de ação educativa (responsável, entre outras atividades, pelas visitas programadas), completam o papel formador que os museus contemporâneos como o Afro Brasil almejam no trabalho diário.

Ações completas

Segundo Maria Lúcia Montes, coordenadora do núcleo de pesquisa, as ações dos núcleos não são isoladas. Elas têm interfaces e completam-se para tornar o museu um espaço dinâmico e não meramente contemplativo. “O que nós queremos é que aqueles tambores ganhem som”, diz Maria Lúcia, apontando os instrumentos silenciosos dispostos no espaço expositivo do museu.

Com essa linguagem figurativa, ela demonstra a importância do diálogo entre os núcleos para que o visitante não apenas aprecie o vasto patrimônio material do museu, mas tenha elementos para relacioná-lo à história e à cultura afrodescendente por meio de gravações, de vídeos, de documentos e outros recursos que lhe possibilitem ampliar o repertório sobre o ainda tão desconhecido universo histórico-cultural afro-brasileiro.

Para Emanoel Araújo, curador do museu, a casa só tem razão de existir se for um instrumento de uso e contribuir para o resgate da dívida da sociedade brasileira com a população negra e mestiça. Assim, sem preconceito ou discriminação e aberto ao reconhecimento da diversidade cultural, o museu quer participar da construção de um país mais justo, democrático e igualitário do ponto de vista social.

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Serviço
Museu Afro Brasil
Parque Ibirapuera, portão 10
Telefone: (11) 5579-8542
Aberto ao público de quarta a segunda, das 10h às 17h.

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