Telecentros: ponto de partida e chegada em Santana

O local foi escolhido por ser a porta de entrada em São Paulo para muitas pessoas vindas de outras cidades, além de concentrar uma grande quantidade de pessoas de baixa renda.

Como é comum em São Paulo, a região de Santana e Tucuruvi abriga dois aspectos contraditórios: é uma região tradicional e residencial e uma das principais portas de entrada na cidade, um espaço de convivência e de passagem. O terminal rodoviário do Tietê, o maior da América Latina, tem sido um dos principais palcos das comemorações da Semana de Inclusão Digital. O Comitê pela Democratização da Informática (CDI) levou 15 computadores para o local, para oferecer acesso à internet, para uso livre, e orientação para o uso de serviços públicos pela rede, criação de contas de e.mail e acesso ao mercado de trabalho, através da criação de currículos, cadastro em sites de emprego, etc.

O local foi escolhido por ser a porta de entrada em São Paulo para muitas pessoas vindas de outras cidades, além de concentrar uma grande quantidade de pessoas de baixa renda.

Das pessoas que chegam a São Paulo, algumas ficam, criam raízes, laços com o local. Por isso, quando quem chega é um telecentro, a novidade é recebida com festa. A unidade Jardim Maninos, no Imirim, foi inaugurada há cerca de um ano. “É importante porque foi uma valorização do local”, diz o orientador Valdemir Trosiro de Morais, sobre a presença de um equipamento público no bairro.

O telecentro funciona dentro de um centro de convivência da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social. Assim, algumas atividades conjuntas estão sendo pensadas, como a formação de turmas especiais para o público do centro de convivência, como o grupo de terceira idade. Morais também está fazendo um curso de percussão no centro e espera aproveitar essa experiência e o convívio com a comunidade.

Os laços que as pessoas criam com a região se estendem ao telecentro. “Cada um tem um motivo para vir aqui, cada um tem uma história”, conta Morais. Entre essas histórias, estão a de pessoas que procuram o telecentro para serem ouvidas, para serem atendidas. “Pra mim, o telecentro é um dos melhores projetos sociais, porque consegue ir além da informática. Eu definiria como um local sem preconceitos, aberto a todo mundo, a toda a comunidade”, acredita o orientador.

São Paulo, essa cidade a que muitos chegam e em que outros tantos ficam, é uma escola. Pelo menos é o que diz o nome do projeto que está sendo implantado no Sambódromo do Anhembi, para atender em período integral os alunos de escolas municipais do entorno. Entre as atividades, os adolescentes vão dispor de 20 computadores para um curso de arte digital, que visa integrar artes visuais e tecnologia. O curso dura três meses e a expectativa é atender 200 alunos por semana.

Emerson César Nascimento, idealizador do curso usa uma frase meio batida, mas verdadeira, para explicar o objetivo do projeto: “o mundo só vai mudar através da cultura”. E cultura, hoje, abrange a cultura digital, os novos horizontes abertos pelas tecnologias, que permitem um número de destinos de viagem muito maior que os oferecidos pelo terminal rodoviário.