Programa de preservação e restauração procura novos parceiros

Parcerias realizadas com empresas privadas, por meio do programa Adote uma Obra Artística, têm permitido à Prefeitura restaurar e conservar os 400 monumentos espalhados pela cidade, como a homenagem a Carlos Gomes (foto), presente da colônia italiana a São Paulo.

“Como cidadão fico muito contente de ver a cidade preservar seus monumentos históricos por meio de parcerias.” A frase é de Frederico Teixeira Simas, gerente de controladoria da Klabin S/A, que se refere especificamente ao Monumento a Carlos Gomes. E a parceria é com o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), da Secretaria Municipal de Cultura.

Há dois anos, o Grupo Klabin é responsável pela manutenção da obra, uma das principais da cidade, localizada ao lado do Theatro Municipal, na praça Ramos de Azevedo. Com a proximidade do fim do segundo contrato, a empresa já se pronunciou: renovará por mais dois anos o termo de cooperação, que lhe confere a responsabilidade de recuperar e conservar o monumento. “A empresa fica ao lado da praça Ramos e, por isso, achamos um dever colaborar com a recuperação de obras tão belas”, afirma Simas.

Rádio Bandeirantes: a pioneira

A Prefeitura de São Paulo tem cerca de 400 monumentos sob sua responsabilidade. Esse conjunto começou a ser formado no início do século 19 e continua a se ampliar com a inclusão de novas obras. Entretanto, a extensão da cidade e o volume do acervo têm imposto desafios à sua preservação. Muitas obras são conservadas apenas com limpeza sistemática; outras, porém, por suas dimensões, condições de exposição às intempéries e material, exigem cuidados especiais.

Com o objetivo de buscar o apoio da iniciativa privada na conservação e recuperação física de obras de arte e monumentos de São Paulo, foi criado o programa Adote uma Obra Artística.

Em vigor desde 8 de setembro de 1994, sob o Decreto nº 34.511, o programa só teve início de fato em 2000, quando o primeiro termo de cooperação foi assinado. “A obra ‘adotada’ foi o Monumento a Anhangüera, e o ‘padrinho’, a Rádio Bandeirantes. A partir daí, várias obras já foram beneficiadas, e outras 63 são prioridades nas ações de recuperação”, explica Valéria Valeri, coordenadora da Comissão de Esculturas.

Em 2002, foi criada a Comissão Permanente de Análise de Assuntos Concernentes a Obras e Monumentos Artísticos em Espaços Públicos - vinculada ao Departamento do Patrimônio Histórico -, com a atribuição de orientar e analisar, do ponto de vista técnico-artístico-histórico-cultural, a implantação, remoção, restauro e conservação de obras e monumentos artísticos. “Sua atuação tem se pautado em valorizar o patrimônio artístico e o espaço público paulistanos por meio da dinamização do programa Adote uma Obra Artística, esclarece Valéria.

O padrinho de Carlos Gomes

Desde 2001, os paulistanos podem, graças à parceria realizada entre o programa e a Klabin, apreciar o Monumento a Carlos Gomes, que compreende 12 estátuas esculpidas em mármore, bronze e granito feitas pelo escultor italiano Luigi Brizzolara no começo do século passado e presenteada à capital pela colônia italiana, em 1922, por ocasião do centenário da independência brasileira.

O maior destaque do monumento é a chamada Fonte dos Desejos. “Seca e suja. Foi assim que a encontramos. Com a restauração, que durou seis meses, a fonte voltou a ter um lago, cortinas d’água, chafarizes e iluminação”, descreve Simas. Quanto ao valor gasto na recuperação, a Klabin não se pronuncia. “É um presente para a cidade e, quando se dá um presente, não se fala o preço, certo?”

Diminuição de depredações

O Adote uma Obra Artística já beneficiou várias obras, dentre elas o Monumento às Bandeiras, de autoria de Victor Brecheret (adotado pela Unilever) e as esculturas 14 Bis (pela Varig), 80 Anos de Imigração Japonesa, de Tomie Ohtake (pela Companhia de Restauro) e O Semeador, de Caetano Fracarolli (pela Associação Nova Leopoldina).

Pelas regras do programa, as empresas que financiam o restauro ganham em troca espaço publicitário no local de exposição da obra. “É uma pena que o número de empresas interessadas em participar ainda não seja expressivo, porque a cidade iria, aos poucos, ficar com outra cara. A degradação favorece o vandalismo, e, quem pode, deveria ajudar”, incentiva Simas.

Valéria assina embaixo, mas admite que ainda é grande a dificuldade que o DPH encontra em conseguir adotantes para os monumentos quase órfãos. “Enquanto a adoção não é realizada, nós fazemos o possível, mas restaurar realmente é inviável, pois é um procedimento mais delicado”, explica.

Serviço

Departamento do Patrimônio Histórico (DPH)
Av. São João, 473 – 8º andar
Telefones: (11) 3331-3457 e 3334-0219

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