Não é uma obra de grande porte, ao contrário, trata-se de uma série de pequenas intervenções, realizadas em 90% com pessoal da própria Subprefeitura Itaim Paulista, mas raras vezes uma iniciativa obteve um retorno tão entusiasmado dos moradores da região beneficiada.

Por R$ 330 mil – se fossem terceirizadas não sairiam por menos de R$ 1,3 milhão – a subprefeitura fechou um pacote de obras que inclui uma ponte e uma passarela sobre o córrego Itaim, três praças, colocação de guias e sarjetas, pavimentação de ruas, reforma de um campo de futebol com alambrado, replantio da mata ciliar, que serve para evitar o deslizamento das margens, e o plantio de árvores adultas oriundas de transplantes da própria região.

Os trabalhos ainda não terminaram – para esta semana está prevista a colocação de guias e sarjetas e pavimentação de algumas ruas – mas já provoca reações: “A área ficou mais aberta, mais limpa, mais iluminada, menos empoeirada e com a pavimentação não haverá mais lama no período das chuvas”, avalia Margarete Osvaldo, moradora da rua Mário Sammarco.

Entre a Mário Sammarco, no Jardim Mabel, e a rua Cristóvão Benites, do outro lado do córrego Itaim e já no Jardim Nélia, a subprefeitura está construindo uma ponte em concreto armado com 4,0 metros de comprimento por 12 de largura e revestimento em concreto asfáltico por onde se prevê que passarão de 300 a 500 veículos por dia. O entusiasmo de dona Margarete tem razão de ser: aproveitando as máquinas e o pessoal já no local, a subprefeitura limpou, alargou, aplainou, está colocando guias e sarjetas e planeja pavimentar o caminho de terra que margeava o córrego e que, assim, se transforma em rua.

A pouca distância dali, sobre o mesmo córrego Itaim, entre as ruas F e Particular, a subprefeitura construiu uma simples passarela metálica, com fundação em concreto armado, estrutura em trilhos e piso em chapa corrugada. Por ali, estima-se, passam duas mil pessoas diariamente, inclusive portadores de deficiências, que antes precisavam dar uma volta enorme para atravessar o córrego, por não poderem se equilibrar sobre a precária pinguela utilizada pela população para cruzar o riacho.

“A ligação do Jardim Mabel com o Jardim Nélia era uma antiga reivindicação dos moradores da região”, lembra o engenheiro Aguinaldo Tarso Prieto, da Coordenadoria de Infra-Estrutura e Obras da subprefeitura, que dirige os trabalhos.

Como benefício suplementar, a limpeza das barrancas do regato levou as pessoas a evitar despejar lixo ali, inibindo a proliferação de insetos e roedores. O próximo passo será o replantio da mata ciliar, para prevenir deslizamentos das margens. Junto com a mata ciliar, está previsto o plantio 36 árvores adultas, transplantadas da própria região. Além disso, serão abertas três praças – duas no Jardim Nélia e uma no Jardim Mabel – com a mesma forração em grama esmeralda.

Gramado também será o campo de futebol-society na margem direita do córrego, entre a ponte a passarela, um dos raros equipamentos de lazer da região, onde 40 mil pessoas residem em conglomerado de 20 conjuntos habitacionais. Número que em breve deverá aumentar em 30 mil pessoas, com a conclusão de outros conjuntos com seis mil moradias.

“O objetivo é promover desenvolvimento local com inclusão social através de infra-estrutura e obras”, aponta o subprefeito do Itaim Paulista.

Objetivo que, aparentemente, está em vias de ser alcançado. A ponte e a passarela, além de facilitar o acesso ao transporte coletivo da Av. Itajuíbe, vai encurtar o caminho das crianças para as escolas EMEI Jardim Nélia, CEI Jardim Nélia, CEU Parque Veredas, CEI Chácara Dona Olívia e às escolas estaduais Pedro Brasil Bandechi e Parque Veredas.

E, já prevendo o aumento do número de usuários com facilidade de acesso, a UBS Jardim Nélia já está ampliando seu quadro de profissionais da área médica, para dobrar o número de atendimentos em pediatria, ginecologia e de clínica geral. Tudo como conseqüência de um conjunto de pequenas obras cujo valor total não chega a R$ 350 mil.

Esforço comunitário

Moradora na rua Mário Sammarco há 15 anos, dona Maria do Socorro ficou preocupada quando os caminhões da subprefeitura começaram a descarregar os trilhos de metal para as obras da ponte e da passarela sobre o córrego. Já era tarde e ela ouviu o engenheiro encarregado dos trabalhos dizer que temia que roubassem os trilhos durante a madrugada. Rapidamente, dona Maria do Socorro convocou os vizinhos para montar guarda naquela noite e, no dia seguinte, providenciou uma casa para armazenar o material de construção, “livre da chuva e de ladrãozinho pé de chinelo”, ela explica.

O envolvimento dos moradores dos jardins Nélia e Mabel não se restringiu a dona Maria do Socorro. Até o senhor Ismael Prado, que já havia posto a casa à venda, se colocou à disposição para ajudar. Ele revela que no início seu único objetivo era, com as obras, valorizar seu imóvel para vendê-lo por um preço melhor. Mas está encantado com o que está vendo agora que os trabalhos estão chegando ao fim. E está quase desistindo de vender a casa.

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