Secretaria faz levantamento do perfil dos carroceiros

Esse é o primeiro estudo realizado tendo como foco o trabalho dos catadores na cidade. A pesquisa foi criada pelo desenvolvimento social local e está sendo feita desde nos principais pontos de concentração.

Durante toda esta semana será realizado um trabalho intensivo da Secretaria do Trabalho para descobrir o perfil dos carroceiros de São Paulo. É o primeiro estudo realizado tendo como foco o trabalho dos catadores na cidade. A pesquisa foi criada pelo desenvolvimento social local e está sendo feita desde a última terça-feira nos principais pontos de concentração.

O objetivo é conhecer a realidade e as condições sócio econômicas dos carroceiros. A idéia é conseguir até o final de julho o perfil de 500 catadores de todas as regiões da Cidade. Para realizar o trabalho, a secretaria conta com 27 entrevistadores que se revezam nos turnos manhã, tarde e noite. São estagiários da Secretaria dentro da área deformação de humanas; Serviço social, Ciências Sociais, História, Geografia. Eles são divididos em grupos e fazem a abordagem preferencialmente em dupla.

O questionário envolve perguntas de praxe, como idade, residência e tempo de trabalho (como carroceiro), além de questões sociais, como escolaridade, histórico de trabalho (se já teve carteira registrada), número de filhos e também se possui desejo de trabalhar em cooperativas.

"Com base nesse perfil, a secretaria do trabalho irá propor projetos junto aos carroceiros, na medida das suas necessidades. Procuramos com isso, estabelecer programas sociais que se adaptem a realidade vivida por eles", ressalta Marina Pacheco, assistente social, responsável pela pesquisa.

Mesmo mãe de cinco filhos, dona Ivani encontra fôlego de trabalhar das 7 da manhã às 7 da noite recolhendo papelão e tecidos na rua dos Italianos, no Bom Retiro. O trabalho rende vinte reais por dia e há 12 anos é ela quem organiza todo o recolhimento das imediações. Antes de trabalhar como carroceria, Ivani vendia salgados para a vizinhança: " Moro na Vila Nova Cachoeirinha e venho todos os dias trabalhar aqui. Só cursei até a 5ª série e por causa da falta de estudo não arranjava emprego. Tenho vontade de largar a carroça e ter carteira assinada."

O perfil dos outros carroceiros que trabalham no Bom Retiro é um pouco diferente de dona Ivani. A maioria dos entrevistados na rua José Paulino são da cidade de Carapicuíba, moram de aluguel e já tiveram carteira assinada. Valter, de 19 anos, trabalha há 10 meses como carroceiro. Antes disso, já trabalhou com serviços gerais (porteiro, pedreiro, vendedor): " Eu trabalho com isso por pura falta de opção. Eu recolho aqui no centro porque em Carapicuíba não tem material. Ganho dez reais por dia e levo o que eu recolho em um caminhão."

A Secretaria do Trabalho junto com a Subprefeitura da Sé, através da Supervisão de Assistência Social, tem promovido reuniões com líderes dos carroceiros e moradores de rua. O próximo encontro será na 5ª feira, dia 14, na av. Tiradentes, nº 749 (Secretaria de Desenvolvimento Social-Sé). No dia será realizado uma dinâmica em grupo e um reforço da pesquisa sócio-econômica, explicando aos carroceiros a importância da participação deles nas entrevistas.