Leitura ao ar livre conquista várias gerações em bosques da cidade

Em seu sexto aniversário, o programa de leitura ao ar livre Bosque da Leitura, do Parque do Piqueri, reafirma sua posição como ponto de encontro, ganha uma sede e conquista novos leitores. A iniciativa tem adeptos também em outros parques da Capital.

Ladeada por altas sibipirunas, a alameda principal do Parque do Piqueri leva seus freqüentadores a destinos variados.

Uns correm sob suas sombras para completar a jornada de exercícios semanais, outros dirigem-se com a família para as churrasqueiras existentes no local ou, simplesmente, apreciam o contato com a natureza exuberante do parque.

Mas quem segue em frente, pela larga alameda, defronta-se com um espaço completamente dedicado à leitura. Entre 15 coqueiros, está construída a Casa da Leitura que, há seis meses, é sede do Bosque. Uma bela edificação que, com sua parede principal de vidro, parece convidar os passantes a entrar e desfrutar de momentos de lazer.

Uma viagem aconchegante

O ambiente acolhedor, proporcionado pela natureza e aliado ao acervo da biblioteca, faz da sede do Bosque um local propício para o exercício da leitura. Lá, é permitido retirar livros, jornais e revistas de vários gêneros; ocupar almofadas, mesas e bancos dispostos pela casa ou dirigir-se ao gramado do parque e, então, embarcar na viagem pelo mundo das letras. Nessa trajetória, cada passageiro ocupa o lugar que lhe parece mais confortável.

Mário Júlio de Carvalho, pela primeira vez na casa, escolheu, por exemplo, o ambiente decorado com almofadas, para contar a sua filha Gabriela, de 5 anos, a história de Cinderela. A musicista e arte-educadora, Marcieli Amaral, por sua vez, optou por espairecer lendo uma revista de cultura na varanda completamente banhada pelo sol da manhã. “Como domingo é um dia de lazer, sempre que posso, procuro desfrutar desse espaço e ler alguma coisa relacionada com saúde, cultura ou arte, que é um assunto de que gosto muito.”

Mudar para melhor

Mesmo quando não tinha a sede, adquirida devido ao trabalho conjunto das Secretarias do Verde e de Cultura, a proposta do Bosquede disseminar a leitura como fonte de prazer conquistou o público local. Freqüentador do parque desde a década de 1980, Achiles Arribavabene lembra que, em outras épocas, o lugar não oferecia tanta facilidade para leitura. “Sempre gostei de vir aqui para passear ou tirar um cochilo à sombra das árvores, mas, se quisesse ler, era necessário trazer o meu próprio livro ou jornal. Quando começou, esse projeto funcionava em um espaço perto da área de recreação infantil. Foi ali que comecei a utilizar esse serviço, e era muito bom, mas, agora, com essa casa, está ainda melhor.”

Debates com escritores enriquecem a programação

Com a participação da comunidade e de entidades locais são desenvolvidas, no Bosquedo Piqueri, duas atividades mensais. Uma delas é o Debate Literário, que ocorre no segundo domingo do mês, sob a coordenação do escritor Pedro Abarca. No encontro, autores consagrados ou iniciantes debatem com o público o conteúdo de suas obras. Iniciado em março, o debate contou com a presença dos autores Pedro Abarca, Vasco dos Santos e Leandro Augusto Nascimento.

No próximo dia 10, a participação será de Wagner Costa, escritor de literatura infanto-juvenil. O Movimento Poético de São Paulo também participa da programação mensal organizando, no último domingo do mês, uma espécie de sarau poético. Ali, os participantes podem ler textos de sua autoria ou os que ficam expostos no Varal de Poesias.

Ibirapuera: inspiração para o Projeto

O Parque do Ibirapuera foi o primeiro da cidade a ter um Bosque da Leitura. A idéia surgiu do projeto Mais Ibirapuera pra Você– uma iniciativa da Fundação Roberto Marinho que previa, entre outras ações, o estabelecimento de um espaço reservado à leitura.

Com o apoio da Prefeitura e do Banco Real, o Bosque foi implantado em 1993. Próximo ao Viveiro Manequinho Lopes, nos seus mais de dez anos de existência, tem conquistado a fidelidade do público, que, como o vendedor Walter Lopes Fernandes, fez da freqüência ao local um hábito. “Eu não deixo de vir aqui, pois é um lugar onde se pode unir o útil ao agradável. Todos os domingos, depois do futebol com os amigos, venho ler a revista semanal e o jornal. O atendimento é muito bom, e o lugar é muito gostoso.”

A família Rodrigues há anos faz do Bosque uma opção de lazer. Enquanto a pequena Clara, de 5 anos, se diverte com um gibi, sua mãe, a professora Celina dos Anjos Rodrigues, pesquisa uma revista feminina, e o pai da menina, o arquiteto José Antônio Mesquita Rodrigues, lê um periódico especializado. “Moramos na Aclimação, mas o parque de lá não tem esse serviço. Freqüentamos o Bosquedesde que nossa filha mais velha, que hoje está com 14 anos, tinha a idade da Clara. Enquanto fazíamos nossa leitura, ela brincava ali”, explica a professora, apontando para uma árvore próxima. “A nossa única queixa é que o serviço só funciona aos domingos. Seria bom que atendesse também aos sábados”, lamenta o arquiteto.

Além de leitura, dança

Todo primeiro domingo do mês, o Bosque oferece à população a Vivência em Danças Circulares Sagradas. Coordenada pela professora Maria Helena Aschenbach, a vivência é sempre temática. Em junho, o tema foi o Encontro de Danças Circulares dos Povos –que ocorreu em Embu das Artes, em maio – e, durante a vivência, o público participou de algumas das coreografias apresentadas no encontro, entre elas, Negrito – uma dança de origem mexicana.

Neste mês, serão apresentadas quadrilhas e outras danças típicas de países como Irlanda, Rússia, Canadá e Holanda. Para participar, não é necessário fazer inscrição.

Serviço

Bosque da Leitura do Parque do Piqueri - aos domingos, das 10h às 16h.

Sarau Poético, último domingo do mês, das 10h às 14h30.

Debate Literário, segundo domingo do mês.

Bosque da Leitura do Parque do Ibirapuera, aos domingos, das 10h às 16h.

Vivência em Danças Circulares Sagradas, primeiro domingo do mês, das 10h às 12h, no estacionamento próximo ao portão 7.

Mais informações: 3334-0001, ramal 2421, com Regina.