Danielle Monteiro, uma guarda heroína na ronda escolar

As lembranças da guarda Danielle Monteiro, mantidas vivas pelos colegas de trabalho, mostram a importância da vocação na difícil tarefa de combater a violência nas ruas da cidade.

Não era o dia da guarda Danielle Monteiro, 29 anos, fazer a ronda. No dia 13 de junho deste ano, a funcionária da Inspetoria da Guarda Civil Metropolitana de Aricanduva, substituiu uma colega e realizou, junto com o guarda Marcos Cardoso, a ronda na Emef Vicentina Ribeiro da Luz, zona Leste.

Por volta das 18h40, antes do horário de entrada e saída dos estudantes, um jovem – não matriculado na escola - atingiu Danielle com um tiro fatal na nuca, sem que ela pudesse esboçar qualquer reação. Os outros jovens que o acompanhavam chegaram a trocar tiros com o colega da guarda, que ficou ileso. Os bandidos foram presos e o caso está sob inquérito. “Foi uma fatalidade. Perdemos uma colega muito querida”, diz Cardoso.

A opinião é compartilhada pela maioria dos colegas com quem Danielle conviveu, em especial, pelo guarda Rodrigo Rodrigues Pinheiro, amigo e companheiro de ronda. “Ela tinha um coração muito bom, tinha esse espírito de ajudar as pessoas e trabalhava também como assistente social em uma ONG”, conta.

“A morte dela foi algo traumático para nós e, principalmente, para a família. Até hoje, a mãe da Danielle me liga pra falar dela e chora muito. Ela deixou muitas saudades”, completa.

O Inspetor Dorival Perbone, da Inspetoria de Aricanduva, lembra que os funcionários da GCM sabem dos riscos corre: “A Danielle era muito profissional e querida aqui. Fatalidades acontecem, nós sabemos, mas temos que continuar trabalhando”.

Embora tenha sido palco do episódio, a Emef Vicentina Ribeiro é considerada pelos guardas que realizam o policiamento no local, uma escola muito tranqüila. Segundo Motoe Petri, assistente de diretor da escola, a área do entorno da Emef está mais violenta hoje, depois de terem retirado da região a favela Santo Eduardo, no ano passado.

“Antes tinha aquele espírito de comunidade muito forte. Agora, vem muita gente de outros lugares para aprontar aqui perto”. Garante que dentro da escola as coisas sempre foram tranqüilas. “Esse caso da Danielle foi algo excepcional e atípico”, ressalta.