Escola Municipal de Astrofísica. Porta de entrada para os segredos do universo

Desde sua inauguração, em 1961, foram ministrados cerca de 429 cursos semestrais de astronomia para quase 20 mil alunos, com uma média de cinco cursos por semestre e 47 alunos por curso.

A cidade de São Paulo vai ganhar, em breve, um grande centro de referência para a astronomia. A Escola Municipal de Astrofísica (EMA), que funciona ininterruptamente desde sua criação, em 1961, está passando por uma restauração minuciosa.

A recuperação do prédio - tombado pelo patrimônio histórico - durará cerca de oito meses e inclui a construção de um subsolo, que não constava no projeto original, onde serão instaladas as áreas funcionais da escola. As salas de aula e oficinas também terão um novo visual quando o processo de restauro for concluído.

Para trazer à realidade do século XXI o projeto do arquiteto Roberto Goulart Tibau - autor do desenho original da EMA -, a Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SVMA) fechou uma parceria com a Fundação Vitae para promover a modernização deste importante espaço de estudo e referência da astronomia na América Latina. Novos métodos e recursos pedagógicos serão usados no desenvolvimento dos cursos para o público interessado em astronomia e ciências afins.

A SVMA recebeu para a realização deste projeto cerca de R$ 1,6 milhão, dinheiro que está sendo investido na aquisição de novos equipamentos e mobiliário para a Escola. Esse recurso servirá também para a aquisição de novos telescópios, cúpulas e radiotelescópios, além de proporcionar a instalação de dispositivos astronômicos como relógios de Sol, esferas armilares, que é formada por anéis (em latim armillae) com movimentos de rotação que permite uma visão geral do Universo e seus movimentos do ponto de vista da Terra como centro; assim como também será instalado no entorno do prédio um pêndulo de Foucault, famoso instrumento astronômico que fixo num único ponto de suspensão demonstra a rotação da Terra em torno de seu eixo sul-norte.

A biblioteca de referência existente na EMA será ampliada e ganhará novos títulos. O Museu Vivo, vitrine dos trabalhos dos alunos, também será reformado, e a escola ganhará um poderoso aliado para ampliar seu alcance: o ensino à distância, que será oferecido inclusive em salas informatizadas dentro do prédio.

Essa revitalização possibilitará a integração do Prédio do Planetário, já restaurado, com a escola, formando assim uma espécie de praça temática da astronomia entre o lago e o restante do Parque Ibirapuera.

Construída a partir do interesse despertado pelas sessões do Planetário do Ibirapuera - que começou a projetar estrelas em 1957 -, a Escola de Astrofísica concebida por Tibau pode ser considerada verdadeira preciosidade arquitetônica.

O prédio é estruturado em concreto armado e forma um vão livre semelhante ao do Masp. Em seu terraço, um telescópio apontado para o céu desvenda os corpos e fenômenos celestes. A EMA, em sua concepção, pretendia também preencher a lacuna, ainda presente, da remoção da cadeira de “Cosmographia” do ensino básico na década de 1940.

Desde sua inauguração foram ministrados cerca de 429 cursos semestrais de astronomia para quase 20 mil alunos, com uma média de cinco cursos por semestre e 47 alunos por curso. O público atendido pela EMA é variado, incluindo desde estudantes e professores até turistas e navegadores.

Já passaram por lá nomes conhecidos como Guto Lacaz, Luiz Flavio Borges D'Urso, atual presidente da OAB, o navegador Amir Klink, Ulisses Capozzolli, editor da Scientific American Brasil, o lutador de boxe Fantomas, a atriz Taís de Andrade, sem falar de nomes como Vera Jatenco, atual Chefe do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas - IAG da USP, Silvia Rossi, Sandra dos Anjos, Ramakrishna Teixeira e Pierre Kauffmann.

Muitos dos ex-alunos são hoje professores de reconhecidas instituições que conduzem projetos de pesquisa na área de astronomia. Mesmo passando por toda essa revitalização, a EMA continua em funcionamento. Seus cursos estão sendo ministrados na Escola de Jardinagem, no Parque Ibirapuera, e também no Planetário do Carmo.

Após o restauro, que durará dez meses, ela passará a compor, junto aos dois planetários, o complexo "Planetários de São Paulo", colocando a cidade de São Paulo como um grande pólo de referência nesta área.