Parque do Ibirapuera completa 51 anos e terá festa no domingo

A festa começa às 11h, com apresentação da Banda Marcial da Igreja Messiânica do Brasil, na Serraria. Após o concerto, haverá distribuição de cinco mil mini-arranjos de flores aos freqüentadores.

O Parque do Ibirapuera completa 51 anos no domingo (21/08) com uma programação especial para os paulistanos. A festa começa às 11h, com apresentação da Banda Marcial da Igreja Messiânica do Brasil, na Serraria. Após o concerto, haverá distribuição de cinco mil mini-arranjos de flores, também chamados de ikebanas, para os freqüentadores.

Por volta de 12h30, será realizada a abertura do 3º Bourbon Street Fest, evento musical organizado pelo Bourbon Street Music Club, no palco localizado no Bolsão da Prodam, na área externa do parque. Serão três shows com artistas internacionais: a New Orleans All Stars Brass Band, banda de metais que fará a abertura do festival; a dupla Chucky C. & Lisa Lee; e Davell Crawford, pianista que desde os 14 anos é considerado um dos maiores arranjadores e maestros de corais gospel. Todas as atrações são gratuitas.

Cinqüentão charmoso

Uma ilha verde cercada de trânsito por todos os lados. O Ibirapuera é um refúgio para o paulistano com seus lagos, museus de arte, quadras esportivas. Milhares de pessoas visitam o parque mais querido da cidade todos os dias para caminhar, praticar esportes, visitar exposições ou simplesmente sentar na grama e admirar a paisagem.

Com mais de meio século de existência, continua revestido por um charme tipicamente paulistano, sendo um dos principais pontos de lazer da Capital. Recebe mais de 200 mil pessoas nos finais de semana, vindas de diversos pontos da cidade, do Brasil e até de outros países. Parada obrigatória para turistas que vêm à capital paulista com suas máquinas fotográficas em busca de cartões postais.

A arquitetura curvilínea de Oscar Niemeyer, os concorridos shows ao ar livre e o grande número de atividades e locais para visitar são também atrativos para um público cativo. O Ibirapuera já recebeu mostras de arte de diversos países do mundo – tais como Os Guerreiros de Xi’an e os tesouros da cidade proibida e a mostra de Pablo Picasso –, além de sediar as bienais de arte internacional. Durante a 25ª edição da Bienal, serviu até como cenário para o artista americano Spencer Tunick, que fotografou mais de 700 pessoas nuas.

Arquitetura e verde

Inaugurado em 21 de agosto de 1954, durante as comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo, o Ibirapuera foi concebido por um time de arquitetos composto por Oscar Niemeyer, Ulhôa Cavalcanti, Zenon Lotufo, Eduardo Knesse de Mello e Ícaro de Castro Mello, além do paisagista Augusto Teixeira Mendes.

Ibirapuera (Ybi-ra-ouêra) é uma palavra indígena que significa pau-podre, árvore velha, apodrecida. No início da colonização, a área era uma aldeia que englobava até o bairro de Santo Amaro. Com o povoamento, a planície virou pasto de boiadas para atender ao Matadouro Municipal localizado na Vila Mariana.

Em 1926, o prefeito Pires do Rio teve a idéia de construir uma área verde na região. Para resolver o problema da umidade do terreno, o entomologista Manoel Lopes de Oliveira, o Manequinho Lopes, iniciou o plantio de eucaliptos australianos. A medida teve sucesso e em pouco tempo foram plantadas outras espécies, o que possibilitou a transformação do espaço em viveiro para cultivo de plantas nativas e exóticas. Em 1938, após o falecimento de Manequinho Lopes, o Viveiro, que é o coração do parque, recebeu seu nome.

Nas décadas de 1920 e 1930, São Paulo passava por um grande processo de crescimento, transformando-se de burgo em cidade num curto espaço de tempo. O cultivo das plantas em viveiro servia em grande escala à necessidade de arborização para as novas ruas e espaços criados.

O processo de transformação da pequena cidade do início do século XX na grande metrópole que é hoje continuou na década de 50, com a crescente migração de pessoas de outros estados. Os grandes pólos industriais do entorno da cidade - Santo André, São Bernardo e São Caetano do Sul começaram a se desenvolver, e a idéia de ter uma área verde no meio da metrópole, que via a cada dia crescer a construção de prédios, surgiu em 1951. Três anos mais tarde, era criado o parque.

Melhorias

Inicialmente pensado para ser entregue na data do aniversário da capital - 25 de janeiro - o Ibirapuera só ficou pronto oito meses depois. Oscar Niemeyer concebeu o projeto a partir de dois eixos: um grande espaço de lazer e um centro de cultura para a população. O parque, pensado para a São Paulo da década de 50, vem passando por alterações ao longo de seus 51 anos para melhor atender ao novo perfil da cidade e do paulistano.

Entre as mudanças mais recentes estão a ampliação da ciclovia, totalizando um percurso de 3.780 metros. A faixa de cooper próxima ao gradil foi reformada, e conta agora com 6 km de extensão. Duas grandes ruas de asfalto foram substituídas por áreas verdes, totalizando cinco mil metros quadrados de solo permeabilizado. O prédio do Planetário, que estava totalmente deteriorado por cupins e infiltrações, foi totalmente restaurado e só aguarda a chegada de um novo projetor para voltar a funcionar.

A mudança mais significativa na fisionomia do parque, no entanto, foi a construção do Auditório, localizado simetricamente em frente à Oca, e que completa o projeto original de Niemeyer. O prédio projetado pelo arquiteto foi revisto no final de 2002. A primeira planta tinha as mesmas proporções, mas seu ângulo era invertido. Com sua construção, o paulistano ganha mais uma opção de lazer e a Praça da Paz será poupada dos desgastes provocados pelos mega-shows. Já em fase final de obras, o Auditório, com capacidade interna para 840 pessoas, deve ser inaugurado até o final do ano, e conta também com palco reversível para shows na área externa, com capacidade para 30 mil espectadores.