Das marchas militares ao chorinho, banda da GCM embala festas da cidade

Com o seu poder de extrapolar as fronteiras do som, ao oferecer um clima propício à aproximação das pessoas, a banda tem seu lugar em uma grande metrópole como São Paulo, que hoje se rende à boa música feita pelos guardas.

A banda de música sempre foi, em qualquer cidade, uma das melhores atrações. Se acomodar ao seu lado na praça ou acompanhá-la pelas ruas, ao ouvir seus acordes, é uma cena comum aos municípios distantes dos grandes centros e nos quais ela é a estrela. Porém, com o seu poder de extrapolar as fronteiras do som, ao oferecer um clima propício à aproximação das pessoas, a banda também tem seu lugar em uma grande metrópole como São Paulo, que hoje se rende à boa música da banda da Guarda Civil Metropolitana (GCM).

O grupo musical é atualmente uma das principais atrações, entre as diversas atividades culturais do município. No entanto, até conquistar esse lugar, a Banda da GCM, criada em 1990, pelo Decreto nº 28.586, percorreu um longo caminho. E enfrentou alguns desafios, como tocar no mais importante palco paulistano, o do Theatro Municipal, e ser regida por Eleazar de Carvalho, um dos mais renomados maestros do País, falecido em 1996.

Desde a sua primeira apresentação na cidade de Conchas, interior de São Paulo, há 15 anos, a Banda da GCM vem representando a cidade em diversas ocasiões. Desde a sua consolidação, a banda tem como característica um repertório eclético, o que lhe possibilita ser atração de casa cheia em muitos locais, como, por exemplo, o Theatro Municipal e a Estação Sé, entre outros recantos da cidade.

Em 1996, a banda viveu um de seus momentos mais marcantes ao ser regida pelo maestro Eleazar de Carvalho. Na ocasião, participou de uma apresentação com a Orquestra Sinfônica de São Paulo, na Praça da Paz, no Parque do Ibirapuera. A sede central da banda é na unidade da Guarda Civil Metropolitana no Bom Retiro. Aberta a todos os integrantes da GCM, seus músicos são selecionados através de testes de aptidão teórico e prático, ou seja, o interessado deve mostrar que pelo menos tem familiaridade com algum instrumento e, claro, a música. Amar a música é, como se espera, uma importante característica de quem quer mais do que ver a banda passar e está disposto a dedicar-se aos ensaios e estudo.

À frente da Banda Musical da GCM há 11 meses, a inspetora e maestrina Lídia Maria Gouveia, de 44 anos, está feliz. Ela conta que desde a infância, aqui em São Paulo, se encantou pelo mundo da música e, aos 8 anos, começou a cantar. Na adolescência parou de estudar música, o que retomou aos 19. Dedicou-se até os 23 anos e nesse período também fez aulas de piano.

Logo em seguida, surgiu a possibilidade de uma carreira militar. De novo ela esqueceu a música e entrou para a Aeronáutica. Novas mudanças viriam alguns anos depois, quando Lídia resolveu entrar para a Guarda Civil Metropolitana de São Paulo. A decisão tomada há 18 anos não impediu que mantivesse um vínculo com a música. Hoje, ela é formada em música, com especialização em canto lírico.

“Exigente demais”

A inspetora é responsável pela unidade da Guarda e está à frente da banda e coral da GCM. Segundo ela, seu estilo de trabalho é dinâmico e sedento de resultados. “Meu principal objetivo é divulgar o trabalho da Corporação. Por isso, muitas vezes, perante os colegas, sou tida como exigente demais. Mas, se é para fazer malfeito, não faço”, ressalta.

Sua intenção agora é ampliar o papel da banda, sem esquecer a qualidade da música, afirma a maestrina. A proposta de aumento das atividades da banda, hoje com 40 músicos, inclui alguns projetos interessantes. Prevê a criação da camerata de violões, que consiste em ministrar aulas desse instrumento para filhos de integrantes da Guarda Civil Metropolitana e de funcionários da Prefeitura. À frente desse curso de violão, com início previsto para o mês de setembro, está o inspetor e maestro Ivan Zemantauskas Haensel, que integra a Banda da GCM desde 1988.

A Banda da GCM é também uma forte aliada na comunicação e interação entre guardas civis e a população. “Temos sim o papel de proteger, mas queremos passar a figura do policial amigo e aliado”, diz a inspetora Lídia. Isso quer dizer que ao dar conhecimento de sua sensibilidade musical, os integrantes da banda esperam também que o guarda seja visto pela população de São Paulo com olhos sensíveis, de quem deseja colaborar, para que o resultado do seu desempenho favoreça a ambas as partes.

Além da Banda da GCM, a unidade possui como projetos conjuntos um Quinteto de Cordas, um Quinteto de Metais e um Grupo de Choro. Existe também o Coral da GCM, criado há quatro anos e que ainda não está regulamentado. O Coral tem 20 integrantes e dois preparadores de voz. Esse grupo costuma fazer apresentações em hospitais, asilos e escolas. Para ele, a Inspetoria tem outros projetos, incluindo o que prevê um local de ensaios maior do que o atual.

Não é só na carreira que Lídia está realizada. Divorciada e mãe de duas filhas, para ela o amor que sente pela família é comparável ao que nutre pela música. A paixão é tanta que fora do expediente de trabalho, ela solta a voz em cerimônias de casamento. “Eu sou apaixonada pela música e pelo trabalho que realizo”, diz.