Prefeitura faz vistoria em casas que estão afundando em Moema e obra de prédio é suspensa

A Secretaria da Habitação afirmou que já foram constatados problemas em 70 residências em um raio de até 150 metros do local - ou seja, o “quadrilátero” entre a alameda dos Tupiniquins, as avenidas Moaci e Iraí e a rua Jequitaí, cresceu.

O prefeito de São Paulo vistoriou nesta sexta-feira (30/09) o quadrilátero em Moema, na zona sul, que vem sendo afetado, supostamente, pela construção de um prédio de 22 andares, e conseguiu do engenheiro responsável a garantia de paralisar a obra até que os técnicos da Prefeitura concluam suas análises.

Até ontem acreditava-se que 31 casas haviam sido afetadas, sofrendo afundamentos e rachaduras. Vinte e três delas foram interditadas pela Subprefeitura de Vila Mariana, sendo uma em caráter definitivo.

Hoje o secretário da Habitação afirmou que já foram constatados problemas em 70 residências em um raio de até 150 metros do local - ou seja, o “quadrilátero” entre a alameda dos Tupiniquins, as avenidas Moaci e Iraí e a rua Jequitaí, cresceu.

“O solo aqui é turfa. Não é que o prédio seja responsável por tudo, mas ele desencadeou um processo onde as casas estão cedendo em função da água que foi retirada (do subsolo)”, esclareceu o secretário.

O solo em Moema é instável e o lençol freático fica muito próximo da superfície, o que dificulta as construções. “Estou convencido de que será necessário trocar o solo de boa parte deste lugar”, afirmou o prefeito.

O prefeito visitou as casas de três famílias prejudicadas e afirmou acreditar ser possível embargar a obra caso a construtora não concordasse em interromper os trabalhos. “Se hoje ou amanhã cair uma casa e morrer alguém, nós (Prefeitura) seremos responsabilizados”, afirmou. Apenas o bombeamento de água deve continuar para que não se torne um criadouro de ratos e insetos.

O prefeito sentiu-se mal ao descer as escadas da residência da aposentada Geneviève Americano, na esquina da avenida Iraí com a rua Jequitaí. “É surrealista, a escada é torta. Eu senti um certo enjôo”, disse. A escada, o canil, a cozinha e o jardim da casa foram interditados pela subprefeitura, mas os cômodos continuam em uso. Geneviève acredita que sua casa só não caiu porque uma reforma realizada há três anos reforçou as estruturas.

A Unihope Imobiliária, Administração e Construção iniciou a obra em abril do ano passado, e em setembro do mesmo ano começaram as ações na Justiça. Algumas famílias fizeram acordo com a Unihope e se mudaram para apart hotéis enquanto as casas são reformadas. No entanto, muitas famílias se recusam a deixar suas residências, especialmente depois que duas delas foram assaltadas quando estavam vazias.

O secretário da Habitação determinou a suspensão das análises de pedidos de alvará de novos prédios em um raio de 500 metros, até que os técnicos concluam as apurações sobre o subsolo da região. As 70 casas que apresentam danos serão vistoriadas no prazo de uma semana. A construtora só poderá retomar a obra após cumprir tudo o que for determinado pelos laudos técnicos, segundo o prefeito. “Se disserem que tem de reconstruir dez casas, eles terão de reconstruir as dez casas”.