A Subprefeitura de Pinheiros realiza um trabalho diferente e inovador com os moradores em situação de rua da região. Com a migração das crianças e adolescentes em situação de rua do Complexo Viário Rebouças para o Viaduto Bernardo Goldfarb, a subprefeitura procura usar uma ação sócio-educativa integrada com diversos órgãos sociais, governamentais e não-governamentais, em busca desses jovens.

As técnicas da equipe da Coordenadoria de Assistência Social e Desenvolvimento da subprefeitura (através da articulação entre a assessoria da Coordenadoria, Supervisão de Assistência Social e de Cultura) consistem num plano de ação que pretende construir um vínculo de confiança com essas pessoas, um dos instrumentos fundamentais para o início do processo de saída da rua.

Abordagem

O trabalho está sendo feito através dos Agentes de Proteção Social da subprefeitura, que já faziam abordagens sistemáticas a essas pessoas há cerca de três meses. Iniciaram, então, uma intensa ação com as crianças, buscando “ganhá-las” todos os dias, esforço que já tem se mostrado muito eficaz.

Durante o mês de setembro, em 14 dias de abordagem, 16 crianças e adolescentes foram encaminhados às Casas de Acolhida que compõem a rede sócio-assistencial da cidade. No dia 3 de outubro, houve o encaminhamento de mais quatro. Neste mesmo período, outras crianças pediram ajuda para deixar as drogas.

Rotina de trabalho

Diariamente, no período da manhã e da tarde, os agentes se encontram com o grupo de crianças, buscando resgatar suas histórias pessoais, com atividades lúdicas e demais serviços da rede de proteção social. Às terças-feiras, uma programação especial da subprefeitura, em parceria com o Núcleo de Serviços São Luis Gonzaga e a Biblioteca Municipal Alceu Amoroso Lima proporciona aos garotos banho, almoço e aulas de dança.

Logo cedo, às 9h, os Agentes de Proteção Social chegam aos viadutos e acordam o grupo, convidando-os a participar das atividades do dia. Em seguida, em ônibus da subprefeitura, seguem para o Núcleo São Luis Gonzaga. Lá, tomam banho e almoçam, por volta das 11h. Depois, na Biblioteca Municipal Alceu Amoroso Lima, participam da Oficina Corporal para Adolescentes – Consciência do Corpo, coordenada pela professora voluntária Denise Paixão. No final da tarde, o Grupo Pão de Açúcar disponibiliza lanches para as crianças. A atividade, que já está em curso, terá dez encontros e será encerrada no final de novembro com uma apresentação cultural.

Planejamento

O trabalho é planejado semanalmente entre a professora da oficina, as técnicas da Coordenadoria de Assistência Social e Desenvolvimento e os Agentes de Proteção Social. Além de tirar as crianças da rua, o projeto oferece outras possibilidades de inclusão social, que, nesse caso, ocorre através da arte. A atividade tem proporcionado não apenas a convivência, mas também a possibilidade gradativa de trabalhar a saída da rua e a uma conseqüente inserção em Serviços de Acolhida.

Novos projetos e parcerias

Por isso, a idéia é incrementar o rol de atividades e angariar novos parceiros que também aceitem o desafio de experimentar, ousar e inovar no enfrentamento deste problema. Muitas vezes, as crianças se recusam a deixar as ruas, afinal, nela encontram a “liberdade” para viver. Em outras, são encaminhadas, passam um ou dois dias nas Casas de Acolhida, mas não conseguem se adaptar. Além disso, a região de Pinheiros oferece condições favoráveis à sobrevivência dessa população nas ruas, seja pela possibilidade de trabalho informal, pela facilidade de coleta de lixo reciclável ou pelas doações recebidas da população que circula e/ou mora na região.

Está previsto para ser inaugurado, dentro de duas semanas, um novo serviço da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMADS), o Centro de Referência da Criança e do Adolescente, que visa agilizar o encaminhamento de crianças e adolescentes, funcionando 24 horas por dia. O Centro, que ficará na Avenida Professor Francisco Morato, 726, atenderá as subprefeituras do Butantã e de Pinheiros.