Educador defende que a escola que faça parte da criança

A Secretaria de Educação trouxe da Itália 16 educadores para falarem sobre suas experiências no pós-escola, o chamado Doposcuola, e mostrar aos europeus seu programa "São Paulo é uma escola", implantado em maio deste ano.

As crianças ficam quatro ou cinco horas por dia em sala de aula e o maior desafio dos educadores na atualidade é que esse tempo aumente, seja prazeroso para a criança e faça parte de sua vida.

O desafio foi lançado pelo professor Ubiratan D'Ambrósio, da Unicamp, na palestra "A outra face da Educação", durante o seminário A Experiência do Pós-Escola - Diálogo Brasil-Itália, realizado no Sesc Pinheiros.

O evento foi organizado pela Secretaria Municipal de Educação (SME). A Secretaria trouxe da Itália 16 educadores para falarem sobre suas experiências no pós-escola, o chamado Doposcuola, e mostrar aos europeus seu programa "São Paulo é uma escola", implantado em maio deste ano.

D'Ambrosio elogiou a experiência italiana - o sistema de pós-escola iniciado na Itália começou a ser feito por religiosos depois da Segunda Guerra Mundial e acabou encampado pelo governo como parte do sistema de ensino - e recordou seus primeiros anos de estudo em uma escola salesiana, aos 7 anos.

Disse que um dos momentos mais emocionantes da escola era o Oratório Festivo, quando o colégio se abria para a comunidade, numa grande confraternização, e os alunos tinham chance de conviver com jovens de outro extrato social. "Essa experiência marcou a minha vida", lembrou.

O desencontro na vida em sala de aula e fora é um problema que D'Ambrósio considera muito sério. "Educação não pode se limitar ao que se dá em sala de aula, ao conhecimento congelado", mas "tem que ser um item integral". Se a experiência que o aluno tem dentro da classe se prolonga para as longas horas que passará fora dos muros do colégio "então caminharemos para a formação integral".

Quando se pensa integrar a escola à realidade externa, deve-se considerar uma série de fatores, lembra o educador. O equipamento é uma delas. Há famílias que sequer têm geladeiras e seus filhos estudam em escolas muito bem equipadas, como as públicas. Por outro lado, há os que têm tanta coisa em casa que aquilo que a escola oferece acaba sendo menor.

O diálogo é outro ponto que não pode ser desprezado. "A criança que não consiga conversar com os pais sobre as lições de casa, dificilmente falará sobre outros assuntos, como a sua sexualidade", adverte. Ubiratan D'Ambrosio defende uma escola em que o aluno não seja um robô, consiga criar e "procure soluções novas para questões novas". E completou: "Atividades pós-escola têm de enfocar temas da atualidade".