Cemitérios são fonte de contaminação da água, diz pesquisa

Por isso o governo editou em 1978 um Código Sanitário, determinando, por exemplo, uma distância de ao menos 1,5 metro do fundo do túmulo para o ponto mais alto do lençol freático e de 5 metros entre os túmulos e os muros.

Mais de um século após sua criação, os cemitérios se tornaram alvos de preocupação da saúde pública, suspeitos de contaminar o lençol freático com vírus e bactérias envolvidas na decomposição dos corpos. Por isso o governo editou em 1978 um Código Sanitário, determinando, por exemplo, uma distância de ao menos 1,5 metro do fundo do túmulo para o ponto mais alto do lençol freático e de 5 metros entre os túmulos e os muros.

Mas os mais antigos estão fora das normas, inexistentes na época. O geólogo Lezíro Marques pesquisa essa poluição desde os anos 70 e detectou problemas em dezenas de cemitérios em todo o País. Ele chegou a ver túmulos onde os caixões estavam completamente cobertos pela água. Em São Paulo os casos mais sérios estão na periferia. “O favelamento nos fundos dos cemitérios é um risco”, alerta.

Os caixões mais frágeis facilitam o vazamento do necrochorume, líquido eliminado no processo de decomposição e que pode carregar substâncias tóxicas, vírus e bactérias e transmitir aos que consomem a água doenças infecto-contagiosas, como tuberculose, poliomielite e salmonelose.

“É difícil provar a forma de contágio, mas temos evidências”, afirma Marques. Ele garante que mesmo os cemitérios mais antigos podem cumprir algumas normas, como descartar adequadamente o material dos velórios e exumações, combater a proliferação de insetos e o abandono de túmulos.