Oito mil pessoas reuniram-se em um ato pela paz nesta quarta-feira (02) no cemitério do Parque São Luiz, zona sul de São Paulo, entre elas o prefeito. A Caminhada pela Vida e pela Paz é promovida há 10 anos por cerca de 100 entidades da região, que já foi considerada a mais violenta do mundo.

O trabalho conjunto do poder público, polícia, comunidade e ONGs possibilitou uma redução dos casos de homicídio no Jardim Ângela de 120 em cada mil habitantes, em 1996, para 60 por mil, no ano passado, segundo o padre Jaime, um dos organizadores do ato. O prefeito afirmou que, apesar da redução, ainda há muito trabalho a ser feito. "Não podemos descansar porque, em termos absolutos, o índice de criminalidade no Jardim Ângela ainda é muito alto", disse. "Eu vim me apresentar como um parceiro neste trabalho".

Uma das medidas tomadas para reduzir os índices de homicídio foi um pacto selado entre Ministério Público, polícia civil e militar e donos de bares da região para o fechamento dos estabelecimentos às 22h. Segundo o promotor de Santo Amaro, Ivandil Dantas, o projeto teve início há um ano e já mostrou bons resultados. "Os comerciantes se conscientizaram que o prejuízo financeiro é inferior aos benefícios que têm sido alcançados", avaliou. Segundo o promotor, 70% dos homicídios registrados na região ocorriam no entorno de bares.

Com base no sucesso da parceria, o prefeito anunciou que o projeto será expandido a outros bairros violentos da capital, como a Vila Brasilândia, na zona norte, e o Capão Redondo. "Vamos envolver a Prefeitura, a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Guarda Civil Metropolitana, o Instituto Sou da Paz, o Ministério Público e a comunidade para dar mais este passo em direção à paz", afirmou. "Nós sabemos que o alcoolismo é um fator fundamental para desencadear homicídios". Os bares fechariam às 22h de segunda a sexta-feira, e teriam um horário mais flexível nos finais de semana.

Durante o ato foram plantadas 2,7 mil mudas de árvores no cemitério, uma delas pelo prefeito, e inaugurado um obelisco.