Secretaria Municipal do Trabalho discute Nova Pobreza Urbana em São Paulo

O tema central do debate foi o surgimento nos últimos anos do fenômeno conhecido como “Nova Pobreza Urbana”.

A Secretaria Municipal do Trabalho promoveu ontem (7/11) o primeiro Encontro Sobre Pobreza Urbana de São Paulo. O evento contou com a participação do Maurizio Curtarelli , da Comuni de Roma e Representante da Coordenação do Projeto Praticar da Rede Urbal, e representantes de diversas Secretarias Municipais e Subprefeituras.

O tema central do debate foi o surgimento nos últimos anos do fenômeno conhecido como “Nova Pobreza Urbana”. Segundo a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais “os Novos Pobres” são cidadãos oriundos do setor formal que empobreceram em virtude das crises econômicas. No Brasil são representados pelas famílias de classe média baixa que devido a dificuldades financeiras migraram para as camadas mais pobres da sociedade.

Criado pela Rede Urbal, o Projeto Praticar tem por objetivo mobilizar a sociedade civil para a criação de políticas públicas efetivas de combate ao problema. A idéia é promover uma troca de experiências entre representantes de cidades latino-americanas e européias.

Mesmo com uma realidade distinta do Brasil, Bogotá, por exemplo, sofre com a “Nova Pobreza”. Devido ao desemprego e a má distribuição de renda, os jovens colombianos são alvo fácil do narcotráfico.

Durante o evento foi divulgada uma análise feita pela Fundação Seade/Dieese sobre a “Nova Pobreza Urbana”. Na cidade de São Paulo o fenômeno ocorre desde o início dos anos 90.

Antes, nas décadas de 70 e 80, o perfil do pobre na capital era basicamente de migrantes, com baixa escolaridade, membros de família numerosas, com grandes dificuldades de inserção no mercado de trabalho.

A escolha de São Paulo para debater a realização do evento faz parte da parceria da Prefeitura e a Rede Urbal, firmada em 2002. A idéia é que até dezembro sejam realizados mais dois encontros com entidades ligadas ao terceiro setor e por último a sociedade civil. O objetivo desses encontros é a formulação de novas políticas púbicas de combate a “Nova Pobreza Urbana” em 2006.

Atualmente a Secretaria Municipal do Trabalho têm em andamento três programas sociais com esta finalidade. No Capacita Sampa o jovem de 16 a 20 anos recebe uma bolsa de R$ 200,00 para fazer um curso profissionalizante durante seis meses. Ao final do programa ele é encaminhado ao mercado de trabalho. Para facilitar a procura por emprego foram criados os Centros de Apoio ao Trabalho, programa de intermediação de mão-de-obra.

Para combater o alto índice de desemprego em pessoas com mais de 40 anos, foi firmada uma parceria da Prefeitura de São Paulo com a Caixa Econômica Federal (CEF) para a liberação de R$ 25 milhões para o microcrédito. Desta forma, a Secretaria Municipal do Trabalho pretende incentivar o empreendorismo por meio das microempresas.

Para Katya Ribeiro, supervisora da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social do Jaçanã/Tremembé, o encontro foi um pontapé inicial para a criação de mais ações comunitárias: “Trabalhamos muito com a população carente, foco da ‘Nova Pobreza Urbana’. Discussões em torno deste tema são muito importantes para a conscientização da sociedade como um todo”.

Segundo Maria Aparecida Ferro, da Secretaria de Participação e Parcerias, os programas de distribuição de renda precisam estar acoplados aos de formação profissional: “Acho muito interessante o Capacita Sampa por justamente quebrar o ciclo do assistencialismo. Acredito que este encontro será bom para a formação de mais ações voltadas a profissionalização com distribuição de renda. Afinal, o jovem carente não tem condições de freqüentar nenhum programa se não tiver ajuda financeira”.

Na manhã desta terça-feira (8/11), serão formados grupos para a discussão do público-alvo da “Nova Pobreza Urbana”. O encontro será das 9h às 13h e terá temas como mulheres no mercado de trabalho, negros, jovens, portadores de deficiência e pessoas com mais de 40 anos.

Sobre a Rede Urb-AL Rede 10

O objetivo da Rede 10 consiste, na melhoria da qualidade das políticas públicas locais de combate à pobreza urbana nas cidades da América Latina e Europa. A constituição desta Rede de cidades sócias de ambas as regiões permitirá a articulação e o desenvolvimento de laços fortes e diretos entre as autarquias locais e a implementação de ações de longo prazo, através da difusão, intercâmbios, aquisição e transferência de conhecimentos e experiências de boas práticas e da promoção de iniciativas conjuntas.

A coordenação da Rede 10 "Luta Contra a Pobreza Urbana" pela cidade de São Paulo foi aprovada pela Comissão Européia em 1º de agosto de 2002. A partir da assinatura do contrato pela gestão passada a Rede 10 iniciou seus trabalhos em 28 de outubro de 2002, e sua duração é de 36 meses.

O projeto contribui com a formulação de novas práticas de elaboração e implementação de políticas públicas locais que visem o combate à pobreza. Por meio do intercâmbio e de um trabalho horizontal e descentralizado, as cidades participantes terão acesso a novas abordagens de identificação quantitativa e qualitativa da pobreza urbana, experiências em organização integrada para elaborar e implementar políticas voltadas à erradicação da pobreza.