Ativista americano defende o fim da discriminação racial no mercado de trabalho

Em sua segunda visita ao Brasil, James Meredith falou com atendentes e funcionários do Centro de Apoio ao Trabalho de Interlagos.

Acabar com a discriminação racial no mercado de trabalho é um dos maiores desafios dos governantes brasileiros. A tese foi defendida pelo ativista norte-americano James Meredith, de 72 anos, durante visita realizada na tarde de hoje (24/11) ao Centro de Apoio ao Trabalho (CAT) da Zona Sul, em Interlagos. "O Brasil é um país muito rico. No entanto, mais da metade da população não tem oportunidade de ver um futuro profissional próspero. Temos de achar uma maneira de educar, empregar as pessoas e evitar a discriminação", discursou James Meredith.

Diante de uma platéia com mais de 100 pessoas, composta por atendentes e funcionários do CAT, o secretário municipal do Trabalho, reafirmou o compromisso da atual administração de implementar políticas públicas de educação, geração de emprego e qualificação profissional que ofereçam oportunidades iguais para todas as pessoas independentemente de cor, sexo e idade.

"Os negros ainda sofrem muito, principalmente, no mercado de trabalho. No Brasil, a discriminação racial começa na escola, na comunidade e acaba refletindo no mercado de trabalho. Os negros são os mais prejudicados com o desemprego e ainda ganham menos do que os brancos. Isso precisa mudar", afirmou o secretário.

Herbert Hilário da Silva, de 20 anos, conta já ter sido vítima de discriminação racial por várias vezes. ''O problema é que todo mundo tem restrição para contratar negro, mas não fala abertamente'', revela Herbert, que é casado e tem um filho de um ano. Para ele, os negros têm de demonstrar para os patrões que têm mais vontade de trabalhar e competência.

Herbert já trabalhou como office-boy, repositor e motoboy. ''Sempre fui informal''. Hoje, ele ganha R$ 430 e mais benefícios (vale-transporte, vale-refeição e assistência médica) como atendente no Centro de Apoio ao Trabalho de Interlagos.

Para agradecer a visita do ativista norte-americano, o secretário presenteou James Meredith com uma ametista (pedra típica brasileira). ''Isso é uma pequena lembrança da administração municipal para agradecer a visita de uma pessoa que veio de tão longe para nos ensinar que todo mundo tem oportunidade, mas tem de correr atrás'', explicou o secretário.

James Meredith

Aos 29 anos de idade (em 1962), James Meredith entrou para a história ao se tornar o primeiro negro a estudar como aluno regular na Universidade do Mississipi, nos Estados Unidos. Na época, para garantir o acesso à universidade, ele omitiu a sua raça durante o processo de matrícula.

No primeiro dia de aula, o presidente John Kennedy montou uma verdadeira operação de guerra com mais de 5.500 militares para garantir a entrada de James Meredith - ex-oficial da Força Aérea - na universidade.

Essa é a segunda vez que James Meredith vem ao Brasil. A primeira visita ao país foi em setembro de 2003.

Centro de Apoio ao Trabalho

Criado pela Secretaria Municipal do Trabalho, o Centro de Apoio ao Trabalho (CAT) tem como objetivos fazer a intermediação de mão-de-obra, dar qualificação profissional e oferecer suporte ao desenvolvimento de micro-empreendimento.

O Centro de Apoio ao Trabalho funciona de segunda a sexta-feira das 7h às 16h em dois locais. Na Zona Sul, o endereço é Avenida Interlagos, nº 6122, em Interlagos. O outro posto fica na rua Gregório Ramalho, nº 12, em Itaquera, Zona Leste.