Prefeitura facilita acesso de deficientes ao trabalho

Com a inauguração dos Centros de Apoio ao Trabalho, 129 portadores de deficiência foram inseridos o mercado de trabalho.

Desde a inauguração dos Centros de Apoio ao Trabalho (CATs)em junho deste ano, a Prefeitura já colocou 129 pessoas com eficiência no mercado de trabalho. O resultado poderia ser melhor se não fossem as inúmeras desistências nos processos seletivos e a falta de qualificação profissional.

Atualmente os CATs possuem 905 cadastros de pessoas com deficiência. Para evitar reprovações e também desistências dos candidatos nos processos seletivos, a Prefeitura pretende implantar em 2006 cursos de qualificação profissional exclusivos para deficientes.

O programa servirá para capacitar as habilidades de cada deficiente como também prepará-lo para o mercado de trabalho. Para isso, já está em funcionamento desde do último dia 28 o "currículo online" exclusivo para pessoas com deficiência. No formulário, o candidato concorre às vagas disponíveis no Centro de Apoio ao Trabalho e também fornece informações importantes para a criação dos cursos.

Maria Dayse da Silva, 20, conseguiu o primeiro emprego no Centro de Apoio ao Trabalho. Moradora da Pedreira, zona sul de SP, Dayse tem má formação do cérebro e durante toda a infância fez fisioterapia para melhorar os movimentos dos braços. Hoje, feliz com o novo emprego, pretende cursar uma faculdade: "Estou muito feliz com o meu trabalho. Hoje posso ajudar nas despesas de casas e também sonhar com um futuro melhor”. A jovem trabalha na loja de construção Center Castilho como auxiliar geral e recebe R$ 520,00. Atualmente a empresa emprega 16 pessoas com deficiência e pretende contratar mais 18.

Pioneiro em lazer e entretenimento, o Playcenter tem sete funcionários com deficiência, todos contratados por meio do Centro de Apoio ao Trabalho. Para 2006 a empresa pretende tornar o parque acessível a todos os deficientes, com rampas de acesso, murais em braille e também funcionários treinados em linguagem de sinais: "Temos muitos clientes com deficiência que quando vem ao parque querem encontrar pessoas iguais a eles. A experiência dos nossos funcionários com deficiência física tem sido muito positiva", diz Sérgio Abrão Machado, diretor de recursos humanos.

Edelson Júnior, 20, tem deficiência nas duas pernas e sempre sonhou em trabalhar. Há quatro meses, foi até a unidade de Itaquera do Centro de Apoio ao Trabalho fazer o cadastro para concorrer a uma vaga de emprego. Sem experiência, foi rejeitado em alguns processos seletivos até conseguir uma vaga no Playcenter. Hoje, se sente realizado e também mais extrovertido: "Adoro o que eu faço e venho com prazer trabalhar. Ajudo minha família em casa e pretendo fazer uma faculdade".

Desde a criação da Lei de Cotas, em 1991, empresas que possuem mais de 100 funcionários são obrigadas a contratar funcionários com deficiência.

De acordo com o último censo do IBGE em 2000, o Brasil tem 24,5 milhões de deficientes, ou seja, 14,5% da população total. Com os altos índices de violência urbana, estima-se que 10.000 pessoas adquiram alguma deficiência por mês no país.

Para garantir as mínimas condições às pessoas que não são capacitadas ao trabalho, o Ministério de Assistência Social criou, em 1993, o LOAS (Lei Orgânica de Assistência Social). A renda concedida é de um salário-mínimo e para ter direito ao benefício o deficiente não pode ter nenhum outro tipo de renda.

Além do LOAS, as pessoas que adquiriram alguma deficiência devido a uma doença ou acidente, podem recorrer a aposentadoria por invalidez que corresponde a 100% do salário de benefício, caso o trabalhador não esteja em auxílio-doença.

O grande desafio da Secretaria Municipal do Trabalho para 2006 é empregar as pessoas com deficiência que atualmente recebem benefício. Para isso, será feito um trabalho unificado com a Secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida. "Queremos mudar a concepção da sociedade em relação ao deficiente. A pessoa que recebe um benefício está perpetuada a ter uma vida com pouco mais de R$ 300,00. Caso trabalhe, ela não só poderá multiplicar essa renda como também melhorar e muito a sua auto-estima", ressalta Carlos Eduardo de Lucca, diretor do Centro de Apoio ao Trabalho.