Os tesouros do bairro japonês

A Liberdade, bairro vizinho ao Bixiga, reserva locais desconhecidos da maioria dos paulistanos, como o Templo budista Soto Zenshu e a Escola de Mangá.

Vizinha à comunidade italiana do Bixiga está instalada a comunidade japonesa, no bairro da Liberdade. As lanternas japonesas nas ruas, as lojas recheadas de produtos orientais, os restaurantes típicos, a feira de artesanato aos domingos. Esta Liberdade todo paulistano conhece, mas há outros tesouros a serem explorados num dos bairros de maior apelo turístico de São Paulo. Confira:

Templo budista Soto Zenshu: além da meditação é possível aprender canto baika, ikebana (arranjos florais), shodô (técnica de escrita japonesa com uso do pincel que desenvolve a concentração, disciplina e postura) e taikô (tambor musical). Endereço: Rua São Joaquim, 285.

Escola de mangá: mangás são as histórias em quadrinhos japonesas, que dão origem a populares desenhos animados como Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco. Apesar das histórias de heróis serem as mais conhecidas no Brasil, há mangás de todos os gêneros, inclusive eróticos e históricos. Esta escola ensina a desenhar os traços típicos dos quadrinhos orientais e as técnicas narrativas. Uma curiosidade: a maioria dos alunos é de não-descendentes. Rua da Glória, 279, cj. 55.

Hai-kai: loja de CDs japoneses. Tem 5 mil títulos à venda e outros 5 mil para locação. Rua Galvão Bueno, 224.

Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa: sede do Museu da Imigração, com acervo de 5 mil objetos e 28 mil documentos. Há réplicas do navio Kasato Maru, que trouxe os primeiros imigrantes em 1908; passaportes originais, contratos de trabalho e recibos de quase um século; além de objetos, roupas e fotos dos colonos. Os funcionários são extremamente gentis. A sociedade ainda oferece curso da Cerimônia do Chá. Rua São Joaquim, 381.

Capela de Nossa Senhora dos Aflitos: é pequena, localizada no fundo de um beco, escondida pelos prédios, lixo e caminhões que entregam mercadorias nas lojas, mas a história vale a visita. Diz-se que os escravos vinham caminhando da várzea do Tamanduateí, subiam a Tabatinguera e paravam esgotados na Igreja da Boa Morte. Seguiam até o Largo da Forca (atual Largo da Liberdade) e viam os corpos de outros escravos condenados à morte. Desciam depois disso à capela, a alguns metros de distância, onde rezavam pelos mortos e pela sua própria sorte.

Depois que a forca deixou de existir o local passou a ser chamado de Liberdade. Foi fundada em 1779 e fica no Beco dos Aflitos, uma travessa da rua dos Estudantes.