Texto de Marcelo Rubens Paiva põe geração 80 no divã

A trilha sonora faz lembrar um tempo em que o rock, com suas letras conceituais, ditava as regras e “fazia todas as cabeças”. Os diálogos refletem o embate ideológico entre dois amigos que, depois de 15 anos, se reencontram para um acerto de contas. Escrita por Marcelo Rubens Paiva, No retrovisor sintetiza as expectativas e frustrações dos jovens que buscaram uma democracia quase utópica: a geração dos anos 80. Depois de quatro anos circulando por todo o país, o espetáculo volta à cidade para suas últimas apresentações. A estréia está marcada para o dia 13, no Centro Cultural São Paulo. 

“Em função da repressão política do período da ditadura militar, todo o movimento cultural dos anos 60, como a Tropicália, veio sabotado para nós. Com a abertura política, o rock’n roll foi a maneira encontrada para expressar posições diferentes dos ideais vigentes de consumismo e culto ao corpo”, conta o diretor Mauro Mendonça Filho. Ao som de The Clash e New Order, os amigos que vivenciaram a explosão cultu-ral do período se reúnem para passar as vidas em revista.

Num apartamento caótico, Ney e Marcos – interpretados por Marcelo Serrado e Otávio Muller – resgatam lembranças e mágoas de uma relação interrompida por um acidente de carro. Cego desde então, Ney transformou-se em um cantor brega famoso e é colocado à prova pelo amigo, um bancário frustrado que representa o conformismo que tanto repudia-va no passado.

Em meio a dezenas de livros e LPs, as referências feitas ao pri-meiro show do Legião Urbana e ao grupo de comediantes Asdrúbal Trouxe o Trombone ressaltam a experiência pessoal do autor, que escreveu a peça em quatro dias. O texto de Paiva deve ganhar as telas do ci-nema a partir do ano que vem, em produção da Copacabana Filmes com a Columbia Pictures e a Globo Filmes.

Serviço:Centro Cultural São Paulo- Sala Jardel Filho. De 13/7 a 12/8. 6ª e sáb., 21h. Dom., 20h. R$ 15. Dia 13/7 (estréia), preço popular: R$ 1,90.