Ciclo exibe produção de Jean Rouch

Um dos criadores do “cinema-verdade” e precursor da nouvelle vague, o etnólogo e cineasta Jean Rouch (1917-2004) é tema da mostra que a Galeria Olido exibe entre os dias 11 e 16. Com o pretexto da efeméride – o diretor francês completaria 90 anos em 2007 –, a retrospectiva traz nove de seus documentários, entre eles alguns clássicos como Eu, um negro; Jaguar e Crônica de um verão.

Rouch descobriu seu interesse pela etnografia enquanto trabalhava como engenheiro de pontes e estradas na África. O cinema surgiu como método complementar de estudo, uma forma criativa de registro que po-deria unir ao olhar analítico que lançava a costumes e manifestações culturais. A câmera leve na mão, a influência do surrealismo e o uso de procedimentos típicos da ficção chamaram a atenção de gerações de cineastas para seu trabalho. Além do impulso que deu às idéias da nou-velle vague, também influenciou diretamente o trabalho de diretores como Jean-Luc Godard, que se inspirou em Eu, um negro para construir uma das seqüências de Acossado.

Um de seus filmes mais marcantes, Jaguar (1967) foi concebido co-mo um estudo sobre a migração dos jovens nigerianos que iam procurar trabalho na Costa do Ouro. Uma limitação técnica, no entanto, alte-rou o rumo da produção. Sem conseguir captar nenhum material sonoro, Rouch teve a idéia de pedir aos personagens do filme que dublassem e comentassem as imagens. Nesse momento, transforma-os em atores e ficcionaliza o documentário.

Depois do trabalho etnográfico feito na África, o diretor volta à França com intenção de investigar a vida de seus compatriotas. Ao lado do sociólogo Edgar Morin, filmou Crônica de um verão (1960). Estudo sobre o comportamento e as idéias de jovens franceses, o longa transpira o clima existencialista do pós-guerra e inaugura um método de trabalho de documentário que ficou conhecido como cinema-verdade (cinéma-vérité).

Antes da exibição do filme, dia 12, às 20h, haverá no CCSP um deba-te sobre a obra de Rouch com a antropóloga Ana Lúcia Ferraz e o histo-riador Sérgio Bairon.

Serviço: Centro Cultural São Paulo – Sala Lima Barreto. Galeria Olido – Cine Olido. De 11 a 16. Grátis.

Veja programação