Chácara Lane reabre com mostra de Marilá Dardot

“Guerra do tempo” traz instalações, vídeos e trabalhos da artista até o dia 17 de abril


Trabalhos de Marilá Dardot ocupam todas as dependências da casa histórica

Por Gilberto De Nichile

Tout passe, tout casse, tout lasse” (tudo passa, tudo quebra, tudo cansa), dizem os franceses, provavelmente fazendo alusão à efemeridade das coisas e dos fatos.

Também se inspirando na passagem do tempo, nas lembranças e esquecimentos que ela acarreta, bem como na fluidez da vida em um universo intermediado pela palavra, a artista plástica mineira Marilá Dardot desenvolve uma obra original, calcada em sua percepção pessoal do mundo contemporâneo, há quase 15 anos. Até dia 17 de abril, uma grande mostra, denominada “Guerra do tempo”, ocupará, todas as dependências da Chácara Lane com instalações, vídeos e trabalhos da artista. O imóvel histórico está localizado na Rua da Consolação e será reaberto com essa exposição.  

“No primeiro andar”, conta Marilá, “apresento uma obra inédita chamada ‘Demão’, palavra que, como se sabe, define a segunda mão de tinta que se passa sobre uma parede ou objeto”. Trata-se de uma instalação composta de grandes painéis em que foram escritas 48 frases de diversos momentos da história brasileira, dentre elas, “Independência ou Morte”, “Viva a República”, “O Petróleo é Nosso” e “Abaixo a Ditadura”. Uma demão de tinta cobre essas frases sem apagá-las totalmente. Tentativa de mostrar como seus significados são esquecidos, permanecem ou variam com o passar do tempo. “Numa sala ao lado, no vídeo ‘Hic et nunca’ (aqui e agora), vou escrevendo verbos com a mão direita, ao mesmo tempo em que a mão esquerda os apaga”, explica.

No total, são exibidas 14 séries de trabalhos, sempre dentro da temática da liberdade de expressão, da procura do novo e do sentimento de fluidez da vida. Nesse universo da artista, o visitante se depara com capas de livros amarelecidas pelo tempo; escritas sobrepostas, impossíveis de serem identificadas; livros de sua biblioteca escritos em línguas que ela desconhece e um quebra-cabeça com peças vazias, que não formam qualquer imagem.    

Para Douglas de Freitas, curador da mostra, a perspectiva de Marilá é pertinente com a história da casa que, desde sua construção nos últimos anos do século 19, passou por diversos tipos de ocupação, como residência, escola e consultório médico.

Serviço: | Chácara Lane. R. da Consolação, 1024. Consolação. Até 17/4. 3ª a dom., das 9h às 17h. Livre. Grátis