Longa-metragem “Um Salve Doutor” retrata vida de jovens da periferia

Filme produzido coletivamente e contemplado pelo VAI entra em cartaz no Cine Olido, entre os dias 3 e 6 de março


Longa-metragem recebeu influências do filme “Crash: No Limite”,
“Édipo Rei”, entre outros (Foto: Divulgação)

Por Letícia Andrade

Pelo menos 50 coletivos culturais da região de São Miguel Paulista e Ermelino Matarazzo, zona leste da cidade, trabalharam juntos para tirar do papel o longa-metragem “Um Salve Doutor” (2014). Contemplado pelo Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais (VAI), o filme dirigido por Rodrigo Sousa & Sousa, fica em cartaz no Cine Olido entre os dias 3 e 6 de março.

Inspirado no filme “Crash: No limite” (2004), o roteiro, assinado por Andrio Candido, divide-se em vários relatos paralelos para contar a história do protagonista KPG, um jovem negro da periferia paulistana, que acaba de sair da Fundação Casa. Neste momento, em que está decido a reorganizar sua vida, várias mudanças interferem, principalmente o relacionamento com uma menina de outra classe social. O filme também foi inspirado na obra “Édipo Rei”, de Sófocles, na mitologia dos orixás e na figura do Samurai.

O drama aborda temas como responsabilidade social, choque de classes e discriminação racial e de gênero. “Queremos trazer um diálogo ético nesta história, que apesar de ser fictícia, é muito comum, mas velada. O roteiro eu criei para abordar esses problemas do cotidiano de uma grande parcela da nossa juventude”, diz Candido, que também interpreta o protagonista.

Ele explica que o título do filme está diretamente relacionado à temática abordada, pois “salve, doutor” é uma expressão muito presente na periferia, que significa um cumprimento ou um pedido de ajuda. “Às vezes, dependendo do contexto, tem mais significados, até religiosos. Nesse contexto, é uma chamada de atenção para os que continuam oprimindo”, diz.

Com um pouco mais de um ano de filmagem, sempre aos finais de semana, Candido se surpreende que o longa de R$70 mil tenha sido feito. “A falta de infraestrutura foi a maior dificuldade. Por isso que eu digo que o filme não é meu. É de todo mundo. Só aconteceu porque foi colaborativo”, afirma.

O roteirista reconhece bem a história do filme, pois como a maioria dos demais envolvidos, reside na zona leste. Apesar de este ser o primeiro longa em que trabalha como roteirista, já atuou em séries como “Antonia” (2005), além de ter participado em longas também como ator. Atualmente, Candido atua nos coletivos culturais “Marginaliaria” e “Filhos de Ururai”.

Serviço: Galeria Olido – Cine Olido. Av. São João, 473. Próximo das estações República, Anhangabaú e São Bento do metrô. Centro. | tel. 3331-8399 e 3397-0171.  Dias 3, 4 e 5, 15h e 19h. Dia 6, 15h. 90 min. +12. R$ 1