Gog traz a consciência do rap nacional para o Circuito

Apresentação acontece dia 27, no palco Hip Hop em Ermelino Matarazzo

Gog tira o chapéu e faz releitura da carreira em show do novo álbum

Por Mariane Roccelo

Expoente do rap nacional, Genival Oliveira Gonçalves, o Gog, apresenta o décimo e homônimo disco da carreira, lançado ano passado no dia da Consciência Negra (22 de novembro). O show integra o Circuito Municipal de Cultura 2016 e acontece dia 27 de fevereiro, no palco Hip Hop Ermelino Matarazzo, às 21h. 

Nascido no município de Sobradinho, no Distrito Federal, Gog é reconhecido pela qualidade de suas letras e foi um dos primeiros nomes do rap brasileiro de fora do cenário musical paulista a ganhar repercussão nacional. “Quando eu era mais novo, uma das coisas que mais tinha vergonha era do meu nome”, conta o rapper. Segundo o músico, a evolução da carreira aconteceu em paralelo ao firmamento da auto-estima e do modo como o rapper se enxerga dentro da sociedade brasileira. “É um disco em que assumi meu nome, é um processo que, ao meu entender, é uma releitura da minha caminhada ao longo dos últimos anos”, diz. 

“Minha música nasceu periférica, do meu habitat e cotidiano, e na minha caminhada essa coisa da auto-estima fez com que eu percebesse que o primeiro passo, na verdade, é colocar meu lugar dentro da sociedade: eu não sou só periférico, sou um negro periférico”, explica Gog. “Eu posso até ter o gueto dentro de mim sem estar morando no gueto, mas minha negritude está dentro de mim em qualquer lugar”, afirma.  

Defensor e entusiasta da cultura Hip Hop, na sua carreira o rapper nunca deixa de lado questões sociais e a realidade das comunidades mais pobres. “As pessoas muitas vezes falam que o rap é violento e que trata temas complicados, mas na verdade existe uma violência simbólica, como a armada, e outra violência, a subjetiva”,, diz. Para Gog, essa violência subjetiva imobiliza e não permite que as comunidades mais pobres se estruturem. É sobre isso que o hip hop trata, “essa é a violência principal que precisamos discutir”. 

“O rap faz o trabalho que a música popular não faz, todo mundo quer falar de amor, mas também temos que falar dos problemas que não permitem que amemos e sejamos amados”, conta. Gog, defensor da causa negra, também denuncia o tratamento violento dado aos jovens negros periféricos no Brasil, “temos um estado que violenta o tecido negro brasileiro”. “A música é a arma, arma de armadilha, de trocar idéias”, afirma, “nós precisamos dialogar mais, não existe revolução sem diálogo”. 

É nesse contexto que entra o trabalho do músico. “Isso me coloca como instrumento da sociedade”, conta. Segundo Gog, o rap não é apenas um movimento cultural, mas também é luta, é uma tentativa de melhorar a realidade das comunidades mais pobres. “Eu me preparei ao longo dos anos para apresentar ao menos uma proposta equilibrada de planeta”, conclui. 

Serviço:

| Palco Hip Hop Ermelino Matarazzo, praça Benedicto Ramos Rodrigues. Dia 27, 21h. Duração: 60 min. Não é necessária a retirada de ingresso. Grátis