Projeto Em cartaz no Cine Olido exibe “A vizinhança do Tigre”, de Affonso Uchôa

Filme é destaque de 25/02 a 05/03 e retrata os sonhos e desafios na vida dos jovens da periferia


Por Fernanda Matricardi 


O tigre não toma conta, não invade a casa, mas fica rondando, cercando a vizinhança, e representa a ferocidade próxima do ardor da juventude. É o que revela Affonso Uchôa, diretor do filme “A vizinhança do tigre”, exibido de 25 de fevereiro a 06 de março pelo projeto Em Cartaz no Cine Olido, que exibe filmes latino-americanos. A programação integra o Circuito Municipal de Cultura 2016. No dia 2 de março, o diretor participa de um bate-papo após a exibição.

O segundo longa de Uchôa narra os desafios vividos pelos jovens: Juninho, Menor, Neguinho, Adilson e Eldo, moradores do bairro Nacional na periferia de Contagem, em Minas Gerais. "O filme fala de histórias de vida e desafios que são comuns a todas as quebradas do Brasil”, explica o diretor.

Gravado ao longo de cinco anos, a obra é uma produção independente e os atores são os próprios moradores locais que encenam episódios de suas vidas. “A mistura entre ficção e documentário surgiu de um princípio político: fazer um filme franco com a periferia”, diz Uchôa. A experiência resultou no prêmio de melhor filme na 17ª Mostra de Cinema de Tiradentes em 2014. 

A narrativa retrata uma realidade a partir do ponto de vista de quem a vive e estimula mudanças em busca de melhores condições de vida. Episódios de tensão conflitam com os sonhos e as superações vividas por esses cinco jovens, que passam por um amadurecimento precoce enquanto ainda pensam em lazer e diversão. 

“O filme surgiu de uma necessidade pessoal”, conta o diretor, que também viveu em Contagem. O intuito era encurtar a distância existente entre ele, que foi cursar uma universidade federal, e os amigos que ficaram e seguiram outros caminhos, além do desejo de retratar a periferia de forma não paternalista e mais próxima. 

“Filmar nesse local e com essas pessoas foi a coisa mais importante da minha vida”, declara o diretor. E conclui: “A partir desse filme, minha consciência se fortaleceu: fecho com os pobres, fecho com a periferia, fecho com os excluídos, fecho com os marginais, fecho com os pretos, os gays, os que perdem, perderam e perderão”.


Serviço: Galeria Olido – Cine Olido. Av. São João, 473. Próximo das estações República, Anhangabaú e São Bento do metrô. Centro. | tel. 3331-8399 e 3397-0171.  R$1 (inteira) e R$0,50 (meia).

| Dia 25.02, às 19h
| Dia 26.02, às 19h
| Dia 27.02, às 17h
| Dia 28.02, às 17h
| Dia 01.03, às 15h
| Dia 02.03, às 19h
- bate-papo com o diretor
| Dia 03.03, às 17h
| Dia 04.03, às 17h
| Dia 05.03, às 17h
| Dia 06.03, às 17h

Classificação etária: 16 anos. Duração: 95 min.