O Circuito Municipal de Cultura 2016 recebe, nos teatros municipais, a versão para crianças de “Carnaval dos animais”, obra de Camille Saint-Saëns encenada por bonecos, manipulados pelos artistas da Cia. Imago que seguem a técnica do teatro negro.

Com exceção do 13º movimento, “O cisne”, dançado mais de quatro mil vezes pela célebre bailarina russa Anna Pavlova, o compositor francês só permitiu que sua obra viesse a público após sua morte, em 1921, por considerá-la menor. Saint-Saëns a criou em 1886, como uma brincadeira musical durante a terça-feira de Carnaval, e temia que sua divulgação viesse a comprometer sua reputação de músico erudito sério. Mal podia imaginar que a peça se tornaria um de seus maiores sucessos e que seria, até hoje, frequentemente executada nas salas de concerto do mundo inteiro.

Fernando Anhê, responsável pela criação, dramaturgia, cenografia e iluminação do espetáculo, explica seus objetivos: “Fazemos uma espécie de jogo com a plateia, que deve tentar adivinhar as espécies de animais que vão surgir em cena, isso não apenas através dos compassos musicais, como queria o compositor, mas também pelos truques visuais, sonoros, de luzes, cores e movimentos que empregamos durante a apresentação. Assim, um quebra-cabeça vai formando os elefantes, sons rápidos e entrecortados descrevem os pulos do canguru, uma linha fluorescente vai desenhando a tartaruga, enquanto os peixinhos parecem nadar num aquário formado por feixes de luzes.”

Para Anhê, a técnica do teatro negro desperta curiosidade e encantamento porque os manipuladores ficam imperceptíveis ao olhar do espectador, e os bonecos, como em um passe de mágica, parecem ganhar vida própria, podendo voar, aparecer ou desaparecer.

Para enriquecer ainda mais o espetáculo, o diretor diz que tomou a liberdade de acrescentar à obra original algumas intervenções musicais compostas pelo maestro Jamil Maluf. Também introduziu novos personagens, como um ET vindo do espaço sideral, diante do qual toda a ação se desenrola.

| Teatro Municipal de Santo Amaro Paulo Eiró. Zona Sul. Dias 5 e 6, 16h; Teatro Municipal da Mooca Arthur Azevedo. Zona Leste. Dias 12 e 13, 16h. Grátis (retirar ingresso a partir das 15h; em maio, será encenado nos teatros Alfredo Mesquita e Cacilda Becker). 50 min. Livre.