“Eranko” reforça cultura afro-brasileira em apresentação circense

Circo de Ébanos espetáculo à Sala Olido e aos teatros municipais Alfredo Mesquita e Flávio Império

Com a pretensão de resgatar a essência visceral do circo e trabalhar a expressão animal no ser humano, o espetáculo “Eranko”, do grupo Circo de Ébanos, chega aos palcos da Sala Olido e dos teatros municipais Alfredo Mesquita e Flávio Império. Integrando o Circuito Municipal de Cultura, as apresentações começam a partir do dia 25 de março e se estendem até maio.

Com o intuito de mudar a estética europeia original do circo e aproximar essa arte da realidade vivida pelos artistas, o grupo Circo de Ébanos, composto totalmente por artistas negros, mistura os elementos circenses com as manifestações da cultura afro-brasileira. “Foi o encontro de artistas negros que tinham o circo como opção de vida”, conta a produtora Bel Toledo.

A mistura de números clássicos e modernos com as linguagens da cultura africana resultou em um espetáculo dinâmico e “suingado”. A diretora Luciana Lopes explica que, no circo clássico, o movimento é trabalhado de forma mais alinhada, reta e vertical. “Já nesse espetáculo, são executados movimentos mais quebrados, marcantes, de maneira solta e expressiva, como acontece na dança negra”, completa.

“Eranko”, na língua africana iorubá, quer dizer “animal”. Tal nome reflete a inspiração inicial para a peça: a vontade de resgatar o instinto dos animais. “O ser humano está cada vez mais racional e se distanciando dos instintos naturais, que também são importantes e refinados”, acredita a diretora. Nesse contexto, a criação do espetáculo foi coletiva e cada ator compartilhou suas vivências e sua bagagem cultural e, a partir delas, a construção aconteceu de forma espontânea. Bel Toledo ressalta: “a união para apresentar as próprias raízes foi natural para construir um espetáculo no qual os atores deixaram de ser coadjuvantes e se tornaram os protagonistas, realçando a cultura afro-brasileira e assumindo a negritude”.
“O grupo Circo de Ébanos é um patrimônio da história circense”, defende Luciana. O grupo investe na formação de novos artistas, já que mistura profissionais com amadores nos seus trabalhos, como uma escola prática. “É um trabalho de inclusão e valorização do jovem circense negro”, conclui.

Por Fernanda Matricardi

Serviço:
| Teatro Municipal Alfredo Mesquita. Av. Santos Dumont, 1770, Santana. Zona Norte. De 25 a 27. Sex e sáb, 21h e dom, 19h. Grátis.
| Galeria Olido - Sala Olido. Av. São João, 473, República. Centro. De 22/4 a 24/4. Sex, 19h, sáb e dom, 18h. Grátis.
| Teatro Municipal Flávio Império. R. Prof. Alves Pedroso, 600, Vila Clementino. Zona Sul. De 29/4 a 1/5. Sex e sáb, 20h e dom, 19h. Grátis.

Duração: 60 min. Classificação: livre.