“Hotel Jasmim” aborda a sobrevivência em São Paulo

Sob a direção de Denise Weinberg, peça estreia dia 17, no Centro Cultural São Paulo

 Depois de cinco anos escrevendo o texto de “Hotel Jasmim”, Cláudia Barral decidiu inscrevê-lo no 2º Edital da Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos, do Centro Cultural São Paulo. A peça foi selecionada e estreia dia 17, na Sala Jardel Filho, com Daniel Farias e Eduardo Pelizzari no elenco, sob a direção de Denise Weinberg.

Com a proposta de registrar realisticamente as relações humanas e trazendo fortes inspirações das obras do dramaturgo Plínio Marcos, o enredo acompanha a vida do nordestino Jorge Washington (Farias) logo que chega a São Paulo para tentar a vida como garçom. Instalado em uma pensão barata da região central, ele é obrigado a dividir o quarto com Fernando (Pelizzari), michê paulistano que segue a lei “do mais forte e esperto”.

“A nossa preocupação é com a verdade, tudo é muito real. A plateia vai se aproximar e conhecer essas figuras que todo mundo vê no dia a dia só perambulando pela cidade”, afirma a diretora. Segundo ela, esses personagens foram procurados nas ruas a fim de alcançar uma representação fiel. Para evidenciar esse realismo, a trilha sonora, concebida pelo maestro Miguel Briamonte, também dialoga com os sons do cotidiano.

Denise conta que seu olhar para essa montagem surgiu a partir da questão dos migrantes. “É o universo das pessoas que são meio solitárias em São Paulo, e que acabam se degradando com a vida enlouquecida que têm aqui. Ou você domina tudo na unha ou é tragado. A cidade grande tem essa grande problemática, e é em cima disso que a peça transcorre.”

Para a dramaturga, as duas personalidades são opostas, mas complementares. “Eu queria trabalhar esse choque de mundos. De um lado, um cara cheio de sonhos, querendo um trabalho honesto, e de outro um que está moldado pela dureza, com um caráter pouco duvidoso e, ao mesmo tempo, muito ciente que precisa mudar para sobreviver.”

A partir dessas diferenças, a peça estabelece uma possível relação amigável entre os personagens. “Meio que intuitivamente, eles percebem que se entrarem em um esquema de cooperação é melhor para todo mundo. Apesar dos conflitos, das brigas e das divergências, a amizade vai surgindo. E isso vai se aprofundando com o tempo”, conclui Cláudia.

Por Letícia Andrade

Serviço: Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho. R. Vergueiro, 1.000, Paraíso. Próximo da estação Vergueiro do metrô. Centro. | tel. 3397-0001 e 3397-0002. De 17/6 a 10/7. 6ª e sáb., 21h. Dom., 20h. R$ 10. Dia 24/6, preço popular: R$ 3. +14