Cia. Nova de Teatro estreia peça sobre refugiados

Adaptação do texto do italiano Marco Martinelli, a montagem “Barulho d´água” estreia dia 1º, no Teatro Municipal João Caetano

 Diante da maior crise de refugiados da história e com mais de 65 milhões de afetados pelo mundo, a Cia. Nova de Teatro dá voz a alguns dos relatos dessas pessoas que atravessaram o Mediterrâneo rumo à Europa. Adaptação do texto do italiano Marco Martinelli, a montagem “Barulho d´água”, selecionada pelo Prêmio Zé Renato, da Secretaria Municipal de Cultura, estreia dia 1º, no Teatro Municipal João Caetano, e depois é encenada nos Teatros Cacilda Becker e Alfredo Mesquita.

Ambientada na ilha de Lampedusa, a narrativa tem como eixo central o depoimento de cinco refugiados, que foram colhidos pelo próprio Martinelli. Nesse lugar, batizado de “Ilha de Mortos” pelo autor, existe um general, interpretado por Vicente Latorre, que representa os serviços das capitais europeias responsáveis pela “política de acolhimento”. A interpretação dos demais personagens cabe ao ator Alexandre Rodrigues. “Enquanto um é marcado pela crueldade, o outro simboliza as vozes de homens, mulheres e crianças que tentam buscar um pouco de esperança e sobrevivência”, afirma a diretora Carina Casuscelli, também responsável pela tradução do texto.

Além dos dois atores, há a presença do bailarino colombiano Omar Jimenez com suas intervenções performáticas. Paralelamente, a atriz Rosa Freitas personifica o espírito siciliano, enquanto interpreta a trilha experimental do músico Wilson Sukorski.

A companhia também trabalha com o teatro multimídia por meio de projeções no palco. “O tempo inteiro há a interação do vídeo com o corpo. Ele acaba virando outra plataforma visual, como se fosse uma linguagem distinta que fizesse parte da peça”, revela Carina. Segundo ela, muitas das imagens captadas para ambientar o cenário são de lugares representativos de São Paulo e outras do Rio de Janeiro. “Obviamente tudo é muito fiel ao texto, mas conseguimos dar uma ampliada para falar de outros lugares, porque a ilha dos mortos pode ser aqui também. Por que não?”, questiona ela, referindo-se a recente chegada dos haitianos no Brasil.

Completando 15 anos de trajetória neste ano, o grupo dá início às comemorações com esta encenação. Para o próximo semestre, pretende remontar outros espetáculos do repertório. Além disso, no mês de agosto, o autor participará de um encontro virtual com a plateia para falar sobre suas experiências com os refugiados até a composição do texto.

Por Letícia Chiantia

Serviço:| Teatros Municipais João Caetano. Rua Borges Lagoa, 650, Vila Clementino. Próximo da estação Santa Cruz do metrô. Zona Sul. | tel. 5573-3774 e 5549-1744. De 1º a 24. 6ª e sáb., 21h. Dom., 19h; Cacilda Becker. Rua Tito, 295, Lapa. Zona Oeste. | tel. 3864-4513. De 29/7 a 7/8. 6ª e sáb., 21h. Dom., 19h; Alfredo Mesquita. Av. Santos Dumont, 1.770, Santana. Zona Norte. | tel. 2221-3657. De 12 a 21/8. 6ª e sáb., 21h. Dom., 19h. Grátis