Os Satyros estreia peça com atores imigrantes no Centro Cultural Olido

“Haiti somos nós” tem curta temporada entre os dias 3 e 7 de agosto

A partir de laboratórios teatrais com haitianos que vivem em São Paulo, o grupo Os Satyros estreia dia 3, no Centro Cultural Olido, a peça “Haiti somos nós”. Durante esses encontros, foram discutidos os aspectos biográficos e sociais de cada participante, que contaram suas histórias e participaram de exercícios cênicos. Posteriormente, atores brasileiros como Letícia Sabatella, Paschoal da Conceição e Maria Casadevall se juntaram aos haitianos nos ensaios.

Segundo o fundador da companhia, Rodolfo García Vázquez, nenhum dos imigrantes que participam desse projeto têm experiência com teatro. “A maioria é recém-chegada ao País e está aprendendo o português”, conta. Para trabalhar com eles, a ideia foi partir de técnicas que os incentivassem a usar seu próprio gestual e vocalidade. “Os haitianos têm uma força vocal, rítmica e gestual excepcional, vinda de sua própria cultura popular”, afirma. “Utilizamos, pontualmente, algumas de nossas técnicas, mas somente para reforçar tudo de maravilhoso que os corpos dos artistas trazem impregnados de sua cultura.”

O roteiro da encenação foi desenvolvido posteriormente, com base nos depoimentos e nas experiências que surgiram durante os encontros. Vázquez lembra que os espetáculos d’Os Satyros sempre buscam trazer à luz aspectos sombrios da sociedade. “Acreditamos que esta é a nossa missão: falar daquilo que não se fala. É inevitável que a peça venha a fazer isso”, afirma. Um tema espinhoso está presente na montagem: “A intolerância e a mesquinhez que nós brasileiros temos, mas não assumimos”. Outros aspectos abordados são a história de resistência do Haiti e, também, o forte impacto do terremoto de 2010.

Para o diretor, a importância do projeto é dar visibilidade aos imigrantes. “Precisamos entender suas questões e aceitá-los em nossa sociedade como iguais”. Ele lembra que a adaptação deles no País apresenta milhares de desafios. “E estou sendo obrigado a enxergar algo que nem imaginava que existisse de forma tão impactante no Brasil: a xenofobia.”

Por Gabriel Fabri